Enviada em 27 de outubro de 2011imprimir - enviar para um amigo
Ontem (24/10), foram divulgados os resultados da 15ª Pesquisa CNT de Rodovias 2011. Para saber com mais clareza as avaliações realizadas, fomos ao Relatório Executivo (clique aqui), para examinar os itens relevantes, que são as condições do pavimento e da sinalização.
Em artigo posterior, explicaremos
detalhadamente porque não se deve levar em conta a avaliação da
geometria da via, fundamentando essa opinião, em bases técnicas,
adotadas internacionalmente.
A 15ª Pesquisa CNT de Rodovias 2011 avaliou
92,7 mil km de estradas no país, sendo que 57 mil km da malha federal e
cerca de 35, 7 mil km das malhas estaduais.
O que nos mostra o Relatório Executivo dessa pesquisa?
a) Pavimento – pista de rolamento
A pesquisa mostra que 94,5% das rodovias brasileiras estão com o pavimento da pista de rolamento em boas condições
e apenas 4,7% apresentam buracos, afundamentos e ondulações na pista,
conforme gráfico abaixo. Ressaltar que o item “Trinca em malha/remendos”
exclui a existência de buracos.
b) Velocidade em função do pavimento da pista de rolamento
De acordo com essa pesquisa, 96,8% do pavimento pesquisado não obriga à redução de velocidade pelos motoristas,
o que representa aproximadamente 89,9 mil Km de rodovias brasileiras,
que não afetam a regularidade e suavidade da condução dos veículos.
Vejam o gráfico abaixo:
c) Pavimento dos acostamentos
Segundo a pesquisa, 88,5% dos
acostamentos existentes nas estradas brasileiras foram considerados
ótimos por apresentarem o acostamento pavimentado e perfeito.
Ela mostra, também, que 0,8% dos acostamentos foram considerados
perfeitos, ainda que sem pavimentação. Apenas 10,7% não apresentavam
condição de uso com segurança, devido a buracos, fissuras, presença de
mato e desnível acentuado em relação à rodovia.
d) Sinalização – faixas centrais
Segundo a pesquisa, 67,4% das faixas centrais das rodovias estão com as pinturas visíveis
e, em condições de separar o tráfego e regulamentar ultrapassagens.
Entretanto, outros 25,2% apresentavam faixas com a pintura desgastada e
7,4% inexistente, como aponta o gráfico abaixo.
e) Sinalização – placas de limites de velocidade
Em 72,2% da extensão de rodovias avaliadas, há a presença de placas de limite de velocidade,
o que equivale a 67 mil Km em um total de 92,7 mil Km, conforme gráfico
abaixo. Esse item, aliado ao relativo às faixas centrais, é fundamental
para aumentar a segurança da condução rodoviária, o que não ocorre como
esperado por se tratarem dos itens que mais são violados pelos
motoristas, acarretando acidentes que resultam em feridos graves e
mortos.
f) Sinalização – visibilidade das placas
A pesquisa constatou que 82,1% das placas são visíveis pelos condutores dos veículos,
com a inexistência de mato cobrindo as placas e 9,3% apresentavam algum
mato cobrindo mas não totalmente, conforme gráfico abaixo.
g) Sinalização – legibilidade das placas
De acordo com a CNT, 67,4% das placas estavam totalmente legíveis e em 30,5% se conseguia identificar o pictograma, embora esse elemento já se encontrasse desgastado, conforme gráfico abaixo.
Conclusão
Mais de 2/3 da malha pesquisada é composta de
rodovias de regular ou baixo volume de tráfego. Naturalmente, essas
rodovias recebem menos recursos regulares para restauração, manutenção e
sinalização.
Considerando isso, a avaliação da CNT, em
2011, constata que estão em boas condições de trafegabilidade e
conforto, as principais rodovias do país, por onde trafegam mais de 80%
das cargas rodoviárias, passageiros de ônibus e veículos particulares.
Essas condições satisfatórias deveriam
garantir maior segurança, com redução acelerada de acidentes e
mortalidade nas estradas. Entretanto, como já escrevi em artigo anterior
(clique aqui),
quanto melhores as rodovias, mais perigosas se tornam, por conta do
excesso de velocidade, da imprudência sistemática e cultural dos
motoristas brasileiros, aliados ao reduzido nível de penalização das
infrações na malha rodoviária.
Finalmente, cabe ressaltar que a CNT não
avalia rodovias mas sim ligações rodoviárias, muitas vezes juntando
rodovias federais com estaduais. Além disso, não informa os respectivos
volumes de tráfego dessas ligações, o que permitiria estabelecer
correlação entre a logística real e a situação da infra-estrutura. Quem
sabe, no futuro, essa abordagem essencial não venha a ser agregada à
metodologia da pesquisa CNT? Fica aí a sugestão.
José Augusto Valente – Diretor Executivo da Agência T1
Da Agência T1.
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