A
Polícia Federal do Rio de Janeiro confirmou, nesta quarta-feira, que
espera até sexta-feira da próxima semana (04/11) o depoimento de Ricardo
Teixeira, suspeito de crime de lavagem de dinheiro. Teixeira é o
presidente da Confederação Brasileira de Futebol e do Comitê de
Organização da Copa 2014.
O irmão
de Ricardo, Guilherme Teixeira, já foi ouvido pela Delegacia de Crimes
Financeiros, dirigida pelo delegado Vitor Pubel. O inquérito foi aberto
sob a proteção do sigilo de Justiça.
O
pedido de investigação contra os irmãos Teixeira foi feito pelo
procurador da República, Marcelo Freire, da vara criminal. Em seu
ofício, Freire cita a operação da empresa Sanud, que tem sede em
Luxemburgo, paraíso fiscal. O procurador da empresa no Brasil é o irmão
de Ricardo, Guilherme.
O MPF
pede que a Polícia Federal investigue a evolução patrimonial de Ricardo
Teixeira, seus sócios e familiares, além do irmão Guilherme.
A
Delegacia de Crimes Financeiros vai apurar novas denúncias contra as
duas empresas de Teixeira por remessa ilegal de dinheiro para o Brasil: a
Sanud e a RLJ. Guilherme Teixeira é procurador da Sanud no Brasil, há
mais de dez anos.
No ofício
enviado à PF, o procurador da República Marcelo Freire diz que “Ricardo
Teixeira e sua quadrilha podem ter cometido novos crimes de evasão de
divisas”, usando a Sanud.
Outro
ponto novo: documentos que listam operações de suborno de mais de
U$150 milhões citam também a Sanud com o beneficiária, em processo que
corre na Suíça. Os suíços descobriam a Sanud e outras empresas de
fachada em investigação sobre a falência da empresa que vendida os
direitos de transmissão dos eventos da Fifa, a ISL.
Documentos
sobre a investigação suíça foram entregues a um grupo de senadores, em
Brasília, nesta quarta-feira, pelo jornalista britânico Andrew Jennings.
O jornalista e escritor publicou um livro no Brasil ("Jogo Sujo"), onde
relata a série de subornos apurada pela Justiça suíça. Parte desses
documentos obtidos na cidade de Zug foi entregue a senadores
brasileiros.
Segundo Jennings,
Ricardo Teixeira e João Havelange (que presidiu a Fifa de 1974 a 1998)
teriam recebido cerca de U$ 60 milhões em suborno, dos cofres da
empresa ISL.
Algumas empresas envolvidas em suborno, segundo a Justiça suiça
Sanud | US$ 8,5 mihões | de 16/02/93 a 28/11/97 |
Beleza | US$ 1,5 milhão | de 27/03/91 a 01/11/91 |
Ovada | US$ 820 mil | 22/01/1992 |
Wando | US$ 1,8 mihão | de 06/07/89 a 22/01/93 |
Sicuretta | US$ 42,4 mihões | de 25/09/89 a 24/03/99 |
“O caso está na
Suíça mas os documentos serão requisitados pela Justiça brasileira”,
informou uma fonte do Ministério Público Federal, habituada em
investigações de crimes internacionais.
Da
lista de empresa usadas para pagar propinas a dirigentes da Fifa,
constam algumas empresas que podem esconder nomes de brasileiros, além
de Ricardo Teixeira. Wando, Beleza, Sicuretta, Renford Investments e
Gilmark Tradings, com sede em Hong Kong, lideram os repasses ilegais,
segundo investigadores europeus.
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