quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Intimado pela PF, Ricardo Teixeira tem prazo para depor até 4 de novembro



A Polícia Federal do Rio de Janeiro confirmou, nesta quarta-feira, que espera até sexta-feira da próxima semana (04/11) o depoimento de Ricardo Teixeira, suspeito de crime de lavagem de dinheiro. Teixeira é o presidente da Confederação Brasileira de Futebol e do Comitê de Organização da Copa 2014.
O irmão de Ricardo, Guilherme Teixeira, já foi ouvido pela Delegacia de Crimes Financeiros, dirigida pelo delegado Vitor Pubel. O inquérito foi aberto sob a proteção do sigilo de Justiça.
O pedido de investigação contra os irmãos Teixeira foi feito pelo procurador da República, Marcelo Freire, da vara criminal. Em seu ofício, Freire cita a operação da empresa Sanud, que tem sede em Luxemburgo, paraíso fiscal. O procurador da empresa no Brasil é o irmão de Ricardo, Guilherme.
O MPF pede que a Polícia Federal investigue a evolução patrimonial de Ricardo Teixeira, seus sócios e familiares, além do irmão Guilherme.
A Delegacia de Crimes Financeiros vai apurar novas denúncias contra as duas empresas de Teixeira por remessa ilegal de dinheiro para o Brasil: a Sanud e a RLJ. Guilherme Teixeira é procurador da Sanud no Brasil, há mais de dez anos.
No ofício enviado à PF, o procurador da República Marcelo Freire diz que “Ricardo Teixeira e sua quadrilha podem ter cometido novos crimes de evasão de divisas”, usando a Sanud.
Outro ponto novo: documentos que listam operações de suborno de mais de U$150 milhões citam também a Sanud com o beneficiária, em processo que corre na Suíça. Os suíços descobriam a Sanud e outras empresas de fachada em investigação sobre a falência da empresa que vendida os direitos de transmissão dos eventos da Fifa, a ISL.
Documentos sobre a investigação suíça foram entregues a um grupo de senadores, em Brasília, nesta quarta-feira, pelo jornalista britânico Andrew Jennings. O jornalista e escritor publicou um livro no Brasil ("Jogo Sujo"), onde relata a série de subornos apurada pela Justiça suíça. Parte desses documentos obtidos na cidade de Zug foi entregue a senadores brasileiros.
Segundo Jennings, Ricardo Teixeira e João Havelange (que presidiu a Fifa de 1974 a 1998) teriam recebido cerca de U$ 60 milhões em suborno, dos cofres da empresa ISL.
Algumas empresas envolvidas em suborno, segundo a Justiça suiça
Sanud US$ 8,5 mihões de 16/02/93 a 28/11/97
Beleza US$ 1,5 milhão de 27/03/91 a 01/11/91
Ovada US$ 820 mil 22/01/1992
Wando US$ 1,8 mihão de 06/07/89 a 22/01/93
Sicuretta US$ 42,4 mihões de 25/09/89 a 24/03/99
“O caso está na Suíça mas os documentos serão requisitados pela Justiça brasileira”, informou uma fonte do Ministério Público Federal, habituada em investigações de crimes internacionais.
Da lista de empresa usadas para pagar propinas a dirigentes da Fifa, constam algumas empresas que podem esconder nomes de brasileiros, além de Ricardo Teixeira. Wando, Beleza, Sicuretta, Renford Investments e Gilmark Tradings, com sede em Hong Kong, lideram os repasses ilegais, segundo investigadores europeus.

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