Joaquim Barbosa e o pensamento monofásico
Autor: Luis Nassif
Autor: Luis Nassif
Um valentão entra em um bar e ameaça bater nos fregueses. Surge outro
valentão que o encara e acaba com sua banca. A atitude do segundo
valentão será louvada.
Uma pessoa educada levanta um argumento qualquer. O valentão reage com gritos e ameaças. Sua atitude será condenada.
É simples assim para entender porque Joaquim Barbosa foi elogiado quando
encarou Gilmar Mendes e está sendo execrado quando avança sobre Ricardo
Lewandowski. Não se tem política no meio, mas análise de atitudes, do
comportamento que deve reger relações entre pessoas civilizadas.
Os que julgam que, quem elogiou a primeira atitude (encarando o
brutamontes) precisa automaticamente elogiar a segunda (a agressividade
com o educado) manipula um tipo de raciocínio monofásico.
Há mais diferenças entre eles.
Ambos, Barbosa e Lewandowski, analisam réus. Com exceção de João Paulo
Cunha, Lewandowski votou pela condenação de todos os cabeças da
operação, de Pizolatto aos diretores do Rural. Sua sentença condenatória
tem muitissimo mais peso que a de Joaquim Barbosa, disposto a levar à
fogueira qualquer ser que passe na sua frente.
A diferença com Joaquim Barbosa é que ele, Lewandowski, debruçou-se
sobre os autos e preocupou-se com a sorte dos personagens menores,
pessoas sem o amparo do poder (como os donos do Rural), nem dos partidos
políticos, mas personagens anônimos, sem relevância. E fez isso sem
esperar reconhecimento nem retribuição, apenas pelo cuidado que os
grandes magistrados devem ter em relação às pessoas que julga, mais
ainda em relação aos despossuídos de poder.
Um marciano que chegasse à terra e assistisse uma sessão do STF poderia
supor que Barbosa, com seus modos truculentos, é o valente, Lewandowski,
com seus modos tímidos, o tíbio.
Ledo engano. O homem que está enfrentando a máquina de moer reputação,
apenas para para ficar de bem com sua consciência, é o manso.
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