Do Viomundo - publicado em 18 de setembro de 2012 às 22:50
por Luiz Carlos AzenhaPrender José Dirceu e interditar Lula. Está clara a estratégia da direita brasileira, ou pelo menos daquela que se organiza em torno do PSDB e do — na feliz definição da Carta Maior — consórcio midiático. Sim, porque há a direita no poder, em coligação com o PT e beneficiária das políticas do PT, mesmo daquelas que ajudam direta ou indiretamente um grande número de brasileiros. O Prouni, sem dúvida, é também um grande negócio para os empresários da educação. A desoneração do setor automotivo preserva empregos e estimula a economia, mas permite às montadoras grandes remessas de lucros.
Em 2014 o PT completará 12 anos no Planalto. Tem governadores em estados importantes, como a Bahia e o Rio Grande do Sul. Controla centenas de prefeituras. Elege milhares de vereadores. Aparece consistentemente nas pesquisas como o partido da preferência de um grande número de brasileiros. Tem grandes bancadas na Câmara e no Senado. Controla bilhões de reais em orçamentos. Aliados do PT governam cidades e estados importantes.
A situação da oposição é, esta sim, desesperadora. Apesar da crise econômica, Dilma é favoritíssima para a reeleição. Lula, hoje, é imbatível. A perspectiva é de mais três mandatos petistas em Brasília. Como disse Álvaro Dias, no debate com o senador petista Jorge Viana, a oposição brasileira é menor que a da Venezuela. O tucano atribui isso ao “poder de convencimento” do PT, do qual o mensalão seria um exemplo.
Eu diria que o governismo é assim mesmo, especialmente em um Executivo com crescente poder de arrecadação e investimento. Os partidos gravitam em torno da caneta salvadora. Olhem o estado da oposição em São Paulo e vocês vão entender.
O desespero é justificável: apesar do julgamento do mensalão, os tucanos correm o sério risco de perder justamente sua maior arrecadação, na Prefeitura de São Paulo. Isso, no ninho tucano. Seria o equivalente ao PT perder de lavada as eleições no Nordeste com Lula candidato.
A derrota de José Serra em São Paulo — que, em minha opinião, nem de longe é certa — terá um impacto tão devastador no PSDB quanto a prisão do “núcleo político” do mensalão.
Vitimizar o Lula, mais adiante, não parece ser uma grande ideia.
Atacá-lo agora, sim, já que qualquer murmúrio da oposição é transformado em clamor pelo consórcio midiático. Tensionar o ambiente é importante para revigorar as tropas, convencer indecisos e ocupar espaços. É campanha eleitoral — esqueceram? — e PSDB e PT disputam o direito de ir ao segundo turno na eleição municipal mais importante desta temporada.
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