Crescimento de Russomanno e Haddad
nas áreas petistas faz com que 69% das intenções de voto no tucano se
concentrem em seus redutos
Em dez dias de propaganda na TV, o eleitorado de José Serra (PSDB)
encolheu na periferia, deixando o tucano cada vez mais dependente da
zona antipetista de São Paulo. Na divisão criada por Ibope e Estadão
Dados a partir do histórico de votação na cidade, Serra caiu de 20% para
12% na área pró-PT e de 35% para 16% na região volúvel, segundo a
pesquisa concluída na quinta-feira, 30. Essas zonas somam metade dos
eleitores paulistanos.
Hoje, nada menos do que 69% da intenção de voto de Serra está
concentrada na outra metade, no centro expandido de São Paulo, a região
que tem o histórico de votação mais antipetista da cidade. Antes de o
horário eleitoral começar, essa taxa era de 59%. Ou seja, Serra está
sendo empurrado por seus adversários para o seu principal reduto. Mesmo
lá, a disputa continua.
Entre 15 e 30 de agosto, o tucano oscilou de 30% para 26% na região
antipetista, e, agora, está empatado tecnicamente com Celso Russomanno
(PRB) também no conjunto desses distritos centrais. Nesse mesmo período,
o apresentador de TV foi de 23% para 27% na zona antipetista. Até
Fernando Haddad (PT) melhorou sua situação nessa região. Evoluiu de 8%
para 12%.
A região antipetista é formada pelas zonas eleitorais em que o PT perdeu
as últimas disputas nas urnas. Nessa área, em 2010, o próprio Serra,
então candidato à Presidência, obteve a maioria absoluta (51%) dos
votos válidos.
Atualmente, porém, o desempenho do tucano se assemelha ao que Geraldo
Alckmin teve em 2008, como candidato a prefeito do PSDB. Na época, o
eleitorado refratário ao PT se dividiu entre o próprio Alckmin e
Gilberto Kassab (então no DEM), que concorria à reeleição. Resultado: o
então candidato tucano teve apenas 27% dos votos válidos na zona
antipetista e ficou de fora do segundo turno.
E o que aconteceu nas zonas mais distantes do centro? Quem se
beneficiou da queda de Serra e dos outros candidatos? Russomanno e
Haddad dividiram o butim. O candidato do PRB cresceu de 30% para 38% na
zona petista, ampliando sua liderança nessa região periférica da
cidade.
São distritos do extremo sul e do extremo leste da cidade - como
Parelheiros ou Guaianases - e que costumam votar, majoritariamente, em
candidatos do PT para prefeito, presidente e governador. Haddad cresceu
de 11% para 20% na zona petista, mas ainda está com menos da metade do
histórico de votação do seu partido nesses locais. Dilma Rousseff (PT)
teve 54% dos votos válidos nessa região em 2010.
O próximo confronto nas regiões periféricas será entre Russomanno e
Haddad. O petista tentando recuperar o eleitor que apoiou seu partido
nas últimas eleições, e Russomanno tentando manter o que já conquistou.
A primeira batalha dessa guerra deve ter aspectos religiosos. Um em
cada cinco petistas em São Paulo é evangélico. Entre eles, Russomanno
leva vantagem: 42% dos petistas evangélicos declaram voto no candidato
do PRB, contra 31% que optam pelo candidato do PT. É muito diferente da
divisão entre os petistas católicos, entre os quais Haddad lidera com
43%, contra 26% de Russomanno.
Para aumentar sua penetração nas hostes do próprio partido, Haddad
precisará intensificar sua campanha na periferia e entre os evangélicos
do PT. E Russomanno vai fazer de tudo para segurá-los, com ou sem o
apoio da Igreja Universal do Reino de Deus à qual o presidente do seu
partido é ligado.
José Roberto de Toledo e Daniel BramattiNo O Estado de S. Paulo
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