domingo, 23 de setembro de 2012

Veja blefa para escapar da CPI do Cachoeira.

Deu no Brasil247:
Membro do conselho editorial da Abril e ex-diretor das revistas Veja e Exame, o jornalista José Roberto Guzzo insinua que existem fitas com as declarações de Marcos Valério sobre o ex-presidente Lula, mas não as mostra.
.
Na sua coluna publicada neste fim de semana em Veja, chamada “Só com censura”, ele afirma:
.
“Para o seu próprio sossego pessoal, o ex-presidente Lula, seus fãs mais extremados e os chefes do PT deveriam pôr na cabeça, o mais rápido possível, um fato que está acima de qualquer discussão: só existe um meio que realmente funciona, não mais que um, para governos mandarem na imprensa, e esse modo se chama censura. Infelizmente para todos eles, essa é uma arma de uso privativo das ditaduras – e nem Lula, nem o PT, nem os “movimentos sociais” que imaginam comandar têm qualquer possibilidade concreta de criar uma ditadura no Brasil de hoje. Podem, no fundo da alma, namorar a ideia. Mas não podem, na vida real, casar com ela. Só perdem seu tempo, portanto, e se estressam à toa, quando ficam falando que a mídia brasileira é um lixo a serviço das “elites”; há dez anos não mudam de ideia e de assunto. Bobagem. O que querem mesmo é impedir que esta revista, por exemplo, publique reportagens como a matéria de capa de sua última edição, com as declarações de Marcos Valério sobre o envolvimento de Lula no mensalão. Ficam quietos, porque têm medo de que sejam publicadas as fitas gravadas com tudo aquilo que ele disse, e as coisas piorem ainda mais”.
.
O Brasil 247 mantém sua posição: as fitas não existem e Veja blefa, tentando manter uma espada contra o pescoço de Lula. Se existissem, afinal, que motivo plausível haveria para guardá-las?

Eu respondo: antes de mais nada, que coisa feia um membro do Conselho Editorial praticamente descrever uma situação de chantagem para não publicar. Dito isso, só há 3 opções, e não tem nada a ver com jornalismo, e sim com barganha:

1) não existe gravação, mas a Veja diz que existe para barganhar não ser convocada na CPI do Cachoeira.

2) Existe alguma gravação, mas sem nenhum comprometimento de Lula. Valério deve ter coisas incriminadoras é sobre tucanos durante o período de 1999 a 2002, por isso a Veja não publica.

3) Através da troca da parceira Veja-Cachoeira por Veja-Marcos Valério, a revista poderia estar inventando matérias para dar o golpe hondurenho no Lula. Mas, hoje, matéria inventada não funcionaria, pois não pega mais de surpresa, nem o governo, nem o povo, como em 2005.

De qualquer forma, depois da Operação Monte Carlo da Polícia Federal desbaratar a parceria Veja-Cachoeira, a Polícia Federal precisa criar uma divisão especializada em fraudes jornalísticas usadas para fins escusos. Sem violar a liberdade de imprensa, nem o sigilo da fonte, precisa de policiais especialistas que sigam, rapidamente, os fatos e o caminho do dinheiro, e se as investigações chegarem a jornalistas e barões da mídia criminosos, a lei é para todos.

A hipótese mais provável é a 1. Se existisse alguma coisa, nem que fosse meramente para constranger Lula, já estaria no Jornal Nacional para ajudar a eleger José Serra, ACM Neto e outros demotucanos.

E o PT não deve aceitar chantagem, até porque se houver algum factóide não pode deixar guardado para a Veja e o Jornal Nacional soltar na véspera da eleição de 2014. Os petistas da CPI devem vencer a resistência do PMDB, do PDT e do PSOL e convocar Policarpo e Civita para a CPI.

Nenhum comentário: