Garotinho Zorro |
O líder do PR na Câmara, deputado federal Anthony Garotinho (RJ), foi
denunciado em fevereiro deste ano pelo procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, ao Supremo Tribunal Federal (STF) por praticar calúnia
em seu blog, ao atacar um juiz que o condenou por formação de quadrilha
em 2010. As informações são do jornal "Valor Econômico".
Agora, o Supremo decidirá se transforma ou não o caso em ação penal. De
acordo com a denúncia, Garotinho publicou textos na internet para
denegrir a honra do juiz federal Marcelo Leonardo Tavares. O magistrado
do Rio condenou o ex-governador a dois anos e seis meses de prisão,
convertidos em prestação de serviços à comunidade, por crime de formação
de quadrilha, no processo decorrente da Operação Segurança Pública S/A
da Polícia Federal.
A operação desbaratou um esquema de loteamento de delegacias da Polícia
Civil do Rio para facilitar crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e
contrabando. Ao todo, 16 pessoas foram denunciadas, incluindo Garotinho e
o ex-chefe da Polícia Civil do estado e ex-deputado estadual Álvaro
Lins.
O juiz condenou Garotinho por atuar como "chefe maior" de uma quadrilha,
"corresponsável intelectual das ações estratégicas e pela escolha de
delegados que deveriam ocupar órgãos-chave ou ser indicados para
promoção", e que colocariam o esquema em prática. Na decisão, o juiz
afirma que Garotinho, ex-secretário de Segurança do Rio, "agia
informalmente" nessas escolhas mesmo quando já não ocupava cargos na
gestão de sua mulher, Rosinha Garotinho, como governadora.
O ex-governador recorreu da sentença e, ao eleger-se deputado federal,
passou a ter foro privilegiado. O caso, então, foi remetido ao STF. Lá,
aguarda julgamento desde setembro de 2011. A relatora do processo na
Corte é a ministra Cármen Lúcia, já que dois ministros sorteados
anteriormente como relatores (Celso de Mello e Luiz Fux) se declararam
impedidos.
Garotinho reagiu contra a decisão do juiz em seu blog e acusou o
magistrado de fazer parte de uma "armação política" e emitir uma decisão
"encomendada" por adversários, em troca de um cargo para seu irmão no
governo do Rio. De acordo com o jornal, o deputado chegou a entrar com
uma reclamação contra o juiz no Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
alegando irregularidades no processo e na sentença. O órgão, no entanto,
arquivou o pedido entendendo que não houve irregularidades.
Tavares entrou com uma representação contra Garotinho junto ao
Ministério Público Federal. A medida motivou a denúncia apresentada por
Gurgel ao STF. Procurado pela reportagem, Garotinho não quis se
pronunciar. Seu advogado, Mauro Coelho Tse, disse que o ex-governador
"jamais teve a intenção de ofender quem quer que seja", limitando-se a
"exercer seu direito constitucional de manifestação do pensamento". A
defesa do juiz Marcelo Tavares não comentou o caso.
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