Do Blog do Miro - segunda-feira, 25 de março de 2013
Por Altamiro Borges
Otavinho Frias, dono da Folha, nunca tolerou Lula – “o
presidente que não fala inglês”. Com tamanho ódio de classe, seu jornal
sempre
produz factoides para detonar a imagem do ex-líder operário. Na
sexta-feira, o diário acusou o ex-presidente de promover lobby em suas
palestras
internacionais. Segundo a manchete, “quase metade das viagens de Lula é
paga
por empreiteiras”. O próprio jornal admite que não há nada de ilegal
nestas caravanas. Mas insiste em fustigar Lula, que mantém alta
popularidade junto à população!
Desde 2011, quando deixou o Palácio do Planalto, Lula
visitou 30 países – 20 deles na América Latina e na África. Com estardalhaço, a
Folha informa que o giro africano da semana passada foi patrocinado pela Odebrecht.
O Instituto Lula explicou que estas viagens visam reforçar as relações entre os
dois continentes e consolidar a “imagem e os interesses da nação brasileira”. Mesmo
assim, o jornalão deixou no ar, com a sua manchete escandalosa, que elas serviriam
para propositivos ilícitos – das empresas e do próprio PT.
Os cães sarnentos da mídia
A Folha chega a insinuar que o ex-presidente usa o seu
prestígio para interferir nos rumos do governo. “No exterior, Lula participou
de encontros privados entre políticos locais e empresários brasileiros, além de
prometer levar pedidos a Dilma Rousseff”. Diante de mais esta tentativa de estimular
a cizânia, a própria presidenta reagiu: “Eu me recuso a entrar nesse tipo de
ilação. O presidente Lula tem o respeito de todos os Chefes de Estado da África
e deu grande contribuição ao país nessa área”, disse ao Estadão, rival da
Folha.
Amestrado pela mídia, o líder do PSDB no Senado, Aloysio
Nunes Ferreira (SP), já saiu atirando: “Se ele quer fazer lobby, que receba
honorários para isso. Feito por baixo dos panos é indecoroso”. Álvaro Dias (PR)
também usou o factoide da Folha. “É importante que o ex-presidente esclareça
isso. Fica a impressão de benefícios governamentais retribuídos com vantagens
posteriores”. Já Sérgio Guerra, jagunço do PSDB, atacou: "O
Brasil aguarda que o ex-presidente revele qual a remuneração que recebeu para
fazer lobby”.
Sabesp, Itaú e FHC
Já que a mídia e seus teleguiados tucanos estão tão
interessados na “transparência”, eles deveriam cobrar explicações também do
ex-presidente FHC e do senador Aécio Neves, o cambaleante presidenciável da
legenda. A imprensa deveria deixar de ser hipócrita na sua escandalização
seletiva. Ele poderia pedir esclarecimentos à estatal paulista Sabesp, comandada
pelos tucanos, que doou R$ 500 mil para o Instituto FHC. Ou solicitar informações
ao Banco Itaú, que já patrocinou várias viagens do ex-presidente.
Como lembra Hugo Carvalho, em texto postado no blog de Luis
Nassif, “nas asas do Itaú, seu patrocinador máster, Fernando Henrique
esteve no Paraguai em 2010, no dia em que o banco inaugurou a operação
para tomar o mercado no país vizinho. O Itaú também o levou a Doha e aos
Emirados Árabes ano passado, com a intenção de morder parte dos 100 milhões de
dólares que o Barwa Bank tem para investir no mercado imobiliário brasileiro. A
Folha estava lá (mas não diz quem pagou a viagem da colunista Maria Cristina
Frias)”.
O articulista lembra que “Fernando Henrique ainda era
presidente da República, em 2002, quando chamou ao Palácio da Alvorada os donos
de meia dúzia empresas para alavancar o instituto que ainda ia criar:
Odebrecht, Camargo Corrêa, Bradesco, Itaú, CSN, Klabin e Suzano. A elas se
juntaria a Ambev. Juntas, pingaram R$ 7 milhões no chapéu de FH... FHC e seu
instituto prosperaram. No primeiro ano como ex-presidente ele faturou R$ 3
milhões em palestras... Todas as empresas citadas neste relato são anunciantes
da Folha de São Paulo e estão acima de qualquer suspeita enquanto anunciantes. Apodrecem,
aos olhos do jornal, quando se aproximam de Lula”.
As viagens de Aécio ao Rio de Janeiro
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