Quem é realmente o candidato que enfrentará Nicolás Maduro nas eleições de 14 de abril de 2013?
Conheça em Opera Mundi mais
detalhes da trajetória de Henrique Capriles, governador de Miranda e
candidato às eleições presidenciais venezuelanas do próximo mês.
1. Nascido em 1972, Henrique Capriles Radonsky vem de uma das mais
poderosas famílias venezuelanas, que se encontra à frente de vários
conglomerados industrial, imobiliário e midiático, além de possuírem o
Cinex (Circuito Nacional de Exibições), a segunda maior cadeia de
cinemas do país.
2. Sua família é proprietária do diário Últimas Notícias, de maior difusão nacional, além de cadeias de rádios e um canal de televisão.
3. Nos anos 80, militou no partido de extrema direita Tradição, Família e Propriedade.
Capriles acusa família de Chávez de manipular a data da morte do presidente venezuelano
4. Capriles foi eleito deputado em 1999 pelo estado de Zulia, no
partido de direita COPEI. Contra todas as previsões e apesar de sua
inexperiência política, foi imediatamente nomeado presidente da Câmara
dos Deputados, convertendo-se no deputado mais jovem a dirigi-la.
5. Na realidade, conseguiu se impor aos outros aspirantes com maior
trajetória política graças ao poder econômico e financeiro de sua
família, que financiou as campanhas de muitos deputados.
6. Em 2000, fundou o partido político Primero Justicia, com o
conservador Leopoldo López, e se aliou ao International Republican
Institute, braço internacional do Partido Republicano norte-americano. O
presidente norte-americano à época era George W. Bush, que ofereceu um
amplo apoio à nova formação política que fazia oposição a Hugo Chávez,
principalmente mediante o NED (National Endowment for Democracy).
7. Segundo o New York Times, “A NED foi criada há 15 anos para
levar a cabo publicamente o que a Agência Central de Inteligência (CIA)
fez ocultamente durante décadas. Gasta 30 milhões de dólares por ano
para apoiar partidos políticos, sindicatos, movimentos dissidentes e
meios informativos em dezenas de países”.
8. Segundo Allen Weinstein, pai da legislação que estabelecia a NED,
“muito do que estamos fazendo hoje era feito pela CIA de modo encoberto
há 25 anos”.
9. Carl Gershman, primeiro presidente da NED, explicou a razão de ser
da fundação: “Seria terrível para os grupos democráticos do mundo
inteiro serem vistos como subvencionados pela CIA. Vimos isso nos anos
60 e, por isso, colocamos fim nisso. É porque não podemos continuar
fazendo isso que ela foi criada [a NED].
10. Durante seu mandato de prefeito do município de Baruta, Capriles
assinou vários acordos com o norte-americano FBI para formar sua polícia
municipal e recebeu fundos da embaixada dos Estados Unidos para essa
missão.
11. Henrique Capriles participou ativamente do golpe de Estado contra
Hugo Chávez, organizado pelos Estados Unidos em abril de 2002. Prefeito
de Baruta, fez a prisão de numerosos partidários da ordem institucional
– entre eles Ramón Rodríguez Chacín, então Ministro do Interior e
Justiça, o qual foi violentamente agredido pelos partidários do golpe em
frente às câmeras de televisão.
12. A respeito disso, as palavras de Rodríguez Chacín são
esclarecedoras: “Eu os fiz ver [a Henrique Capriles e Leopoldo López,
que chegaram para prendê-lo] o risco, o perigo que havia para minha
integridade física [de sair diante da multidão], que a situação ia fugir
de seu controle, sugeri sair por outro lugar, o porão, e a resposta
que recebi de Capriles, precisamente, foi que não, porque as câmeras
estavam em frente ao prédio. Eles queriam me tirar de lá em frente às
câmeras, para me exibir, não sei, suponho; para se vangloriarem, apesar
do risco”.
13. Uns dias antes do golpe de Estado, Capriles apareceu diante das
câmeras de televisão com os dirigentes de seu partido político Primero
Justicia para reclamar a renúncia de Hugo Chávez, dos deputados da
Assembleia Nacional, do Procurador-Geral da República, do Defensor do
Povo e do Tribunal Supremo de Justiça. Após o golpe de 11 de abril, a
primeira decisão da junta golpista foi precisamente dissolver todos
esses órgãos da República.
14. Em abril de 2002, o Primero Justicia foi o único partido político a
aceitar a dissolução forçada da Assembleia Nacional, ordenada pela
junta golpista de Pedro Carmona Estanga.
15. Durante o golpe de Estado de abril de 2002, Capriles também
participou do assalto à embaixada cubana de Caracas, organizado pela
oposição venezuelana e pela direita cubano-americana. Estava presente
Henry López Sisco, cúmplice do terrorista cubano Luis Posada Carriles,
responsável por mais de uma centena de assassinatos, entre eles o
atentado contra o avião da Cubana de Aviación, em 6 de outubro de 2006,
que custou a vida de 73 passageiros.
16. Após cortar água e energia elétrica, Capriles, que pensava que o
vice-presidente à época, Diosdado Cabello, havia se refugiado na
embaixada cubana, entrou no local e exigiu do embaixador para
revistá-lo, violando assim o Artigo 22 da Convenção de Viena, que
determina que as representações diplomáticas são invioláveis.
17. Germán Sánchez Otero, então embaixador cubano na Venezuela, lhe
respondeu o seguinte: “Se o senhor conhece o direito internacional, deve
saber que tanto a Venezuela como Cuba garantem o direito de um cidadão
ser avaliado para receber asilo político em qualquer sede diplomática.
Um democrata, um humanista, não pode admitir que haja crianças sem
água, sem eletricidade, sem comida”.
18. Ao sair da embaixada, Capriles, longe de acalmar a multidão
alterada, declarou à imprensa que não pôde revistar a representação
diplomática e que estava na impossibilidade de confirmar ou não a
presença de Cabello, o que suscitou novas tensões.
19. Por sua participação no golpe de Estado, Capriles foi julgado e preso de forma preventiva por escapar à justiça.
20. O Procurador-Geral da República, Danilo Anderson, encarregado do
caso Capriles, foi assassinado em novembro de 2004, em um atentado a
bomba com um carro.
21. Em 2006, os tribunais absolveram Capriles.
22. Em 2008, foi aberto um novo julgamento, que ainda está em curso.
23. Após sua eleição em 2008 como governador do estado de Miranda,
Capriles expulsou das instalações da região os funcionários encarregados
dos programas sociais elaborados pelo governo de Chávez.
24. Em seu programa eleitoral, Capriles promete lutar contra o crime.
No entanto, desde sua chegada ao poder em Miranda, a insegurança
aumentou, fazendo desse estado um dos três mais perigosos da Venezuela.
Entre 2011 e 2012, a taxa de homicídios aumentou mais de 15%.
Capriles durante uma de suas primeiras viagens para buscar votos às eleições de abril de 2013
25. Apesar desse balanço, Capriles, reeleito em 2012, ainda se nega a
aceitar a implementação da Polícia Nacional Bolivariana no território
que dirige.
26. Entre 2008 e 2012, Capriles demitiu mais de mil funcionários no
estado de Miranda – que trabalham no setor cultural – por considerá-los
suspeitos de serem partidários do ex-governador chavista Diosdado
Cabello, e fechou dezenas de bibliotecas.
27. Em 2012, Capriles se reuniu secretamente na Colômbia com o general
Martin Demsey, Chefe do Estado Maior dos Estados Unidos. Não se soube
nada dessas conversas.
28. Capriles não deixa de se referir ao ex-presidente brasileiro Luiz
Inácio Lula da Silva. No entanto, este já declarou várias vezes seu
apoio a Hugo Chávez, particularmente nas últimas eleições de outubro de
2012. “Sua vitória será nossa”, declarou em uma mensagem ao Presidente
Chávez.
29. Candidato na eleição presidencial de 2012, Capriles, o nome da Mesa
Unidad Democrática, que agrupou os partidos de oposição, perdeu por
mais de 10 pontos de diferença.
30. Em caso de vitória nas eleições presidenciais de 14 de abril de
2013, Capriles prometeu anistia para Pedro Carmona Estanga,
ex-presidente da Fedecámaras que encabeçou a junta militar durante o
golpe de Estado. Atualmente, ele está foragido da justiça e refugiado na
Colômbia.
31. O programa presidencial de Capriles é, em essência, neoliberal e
preconiza uma aceleração das privatizações em uma economia controlada em
mais de 70% pelo setor privado, uma autonomia e uma descentralização.
32. No caso da vitória de Capriles, a empresa petroleira nacional
Petróleos de Venezuela S.A (PDVSA) não estará sob controle político.
33. O programa de Capriles prevê a suspensão da ajuda financeira
outorgada pela PDVSA ao Fundo de Desenvolvimento Nacional (FONDEN), que
financia as obras de infraestrutura e os programas sociais.
34. Capriles imporá um aumento do preço da gasolina consumida no mercado nacional.
35. Serão canceladas as reformas agrárias realizadas pelo governo de Chávez, restituindo as terras aos latifundiários.
36. A Lei de Pesca, da qual se beneficiaram dezenas de milhares de trabalhadores do mar, também será revogada.
37. Capriles autorizará o cultivo de organismos geneticamente modificados na Venezuela.
38. Capriles propõe “incorporar no sistema educacional básico e médio
temas demonstrativos sobre a conexão entre propriedade, progresso
econômico, liberdade política e desenvolvimento social”.
39. Capriles prevê outorgar independência total ao Banco Central da
Venezuela, com o fim de evitar todo controle democrático sobre as
políticas financeiras e monetárias, e o proibirá de “financiar o gasto
público”.
40. Capriles anunciou que poria fim à relação especial com Cuba, o que
afetará os programas sociais nas áreas da saúde, educação, esporte e
cultura.
41. Capriles porá fim à Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA), organismo de integração regional.
42. Capriles acabará com o programa Petrocaribe, que permite atualmente
que 18 países da América Latina e do Caribe, ou seja, 90 milhões de
pessoas, consigam petróleo subsidiado, assegurando seu abastecimento
energético.
43. Capriles prevê assinar Tratados de Livre Comércio (TLC), particularmente com os Estados Unidos e a União Europeia.
44. Capriles prevê voltar a outorgar concessão ao canal RCTV, que agora é transmitido via cabo e satélite, apesar de sua participação aberta no golpe de Estado de abril de 2002.
45. Capriles proibirá todos os programas políticos no canal nacional Venezolana de Televisión, deixando assim o monopólio do debate cidadão para os canais privados.
46. Capriles prevê “supervisionar e controlar a proliferação de
emissoras de rádio […] e regular o crescimento das emissoras de rádio
comunitárias”.
47. O Programa da MUD prevê reduzir substancialmente o número de funcionários.
48. Capriles eliminará o FONDEN, fundo especial destinado a financiar os programas sociais.
49. Capriles colocará fim ao controle de preços, que permite a toda a população adquirir os produtos de necessidade básica.
50. Capriles acusa o governo venezuelano e a família de Hugo Chávez de
ter ocultado a morte do presidente. Para ele, seu falecimento ocorreu
antes de 5 de março.
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