Paulo Nogueira
É um cidadão antenado: no trânsito está sempre com a CBN ligada. Quando chega Jabor, aumenta.
Um patriota. Se não fosse, estava há muito tempo em Hollywood com uma coleção de Oscars.
PIB gosta de repassar e-mails políticos para os amigos. O último foi uma profecia do general Ernesto Geisel. “Estou iniciando um processo de abertura, mas logo chegará o dia em que vocês terão saudade dos militares.” PIB sentia mesmo que os brasileiros cultivavam mesmo uma enorme nostalgia sobre os militares.
O zé-povinho estava em seu devido lugar.
Hoje foi um dia feliz para ele. FHC na Academia Brasileira de Letras. PIB aplaudiu de pé, mentalmente, a notícia.
Leu no site do Globo a informação. Grandes brasileiros estavam na ABL, ou tinham passado por ela. Roberto Marinho, Sarney e ele. Ele é como PIB se refere a Merval, seu guru.
Um colosso o Merval, pensou PIB: deu o furo da morte de Chávez com mais de um ano de antecedência.
Nobel, por que não o Nobel de Jornalismo para ele?
PIB teve depois um pequeno momento de apreensão. FHC teria que enfrentar um conclave, e poderia perder.
Foi então que ele teve uma ideia genial. FHC poderia combinar com Serra uma jogada. Serra se candidataria também. Mas não de verdade. Apenas para garantir a vitória de FHC. Serra, grande alma, com certeza ficaria feliz de ajudar o amigo.
Tem algum livro o Serra?
Deve ter dezenas, pensou PIB. É uma cabeça privilegiada. Mas achou melhor checar. Foi a uma livraria e procurou. O pobre que o atendeu não conhecia nenhuma das grandes obras de Serra. PIB olhou as estantes e não viu nada.
Deve estar tudo esgotado. Só pode ser.
Viu uma pilha dos Irmãos Metralhas, de outro guru, Reinaldo Azevedo. Apanhou um exemplar e já ia comprar quando decidiu que podia deixar para a próxima visita à livraria. Não podia se dispersar. Queria a prosa incomparável de Serra.
Deu um Google, ao chegar em casa, e não encontrou nada.
Meu plano fracassou?
Mas, para o valente PIB, cada problema era apenas a véspera de uma solução. E então ele teve uma segunda ideia genial: fazer uma antologia dos tuítes de Serra.
FHC, em retribuição, poderia assegurar a Serra que sua vaga seria dele, Serra, caso morresse primeiro. Como Serra é meio desconfiado, isso poderia ficar registrado no testamento de FHC.
PIB sorriu sozinho ao compor a imagem de FHC de fardão. O mundo estava precisando de coisas solenes. PIB estava irritado com o papa Francisco pela ausência de pompa.
Papa pobre. Ir de classe econômica para o conclave? Andar de ônibus em Buenos Aires? Coisa de pobre. Coisa de argentino.
A posse de FHC seria uma resposta à pobreza do novo papa. A Globo com certeza já adquirira os direitos de transmissão. Galvão ia narrar.
Vai que é tua, Fernando!
E então PIB deu o sorriso cristalino, triunfal, retumbante que só eles, os Perfeitos Idiotas Brasileiros, sabem dar. E depois pensou: “Temos papa”. Em latim soa mais chique, refletiu.
Habemus papam.
Leia mais: Um dia na vida do perfeito idiota brasileiro
A pompa de Fernando vai nos redimir da pobreza de Francisco.
É um cidadão antenado: no trânsito está sempre com a CBN ligada. Quando chega Jabor, aumenta.
Um patriota. Se não fosse, estava há muito tempo em Hollywood com uma coleção de Oscars.
PIB gosta de repassar e-mails políticos para os amigos. O último foi uma profecia do general Ernesto Geisel. “Estou iniciando um processo de abertura, mas logo chegará o dia em que vocês terão saudade dos militares.” PIB sentia mesmo que os brasileiros cultivavam mesmo uma enorme nostalgia sobre os militares.
O zé-povinho estava em seu devido lugar.
Hoje foi um dia feliz para ele. FHC na Academia Brasileira de Letras. PIB aplaudiu de pé, mentalmente, a notícia.
Leu no site do Globo a informação. Grandes brasileiros estavam na ABL, ou tinham passado por ela. Roberto Marinho, Sarney e ele. Ele é como PIB se refere a Merval, seu guru.
Um colosso o Merval, pensou PIB: deu o furo da morte de Chávez com mais de um ano de antecedência.
Nobel, por que não o Nobel de Jornalismo para ele?
PIB teve depois um pequeno momento de apreensão. FHC teria que enfrentar um conclave, e poderia perder.
Foi então que ele teve uma ideia genial. FHC poderia combinar com Serra uma jogada. Serra se candidataria também. Mas não de verdade. Apenas para garantir a vitória de FHC. Serra, grande alma, com certeza ficaria feliz de ajudar o amigo.
Tem algum livro o Serra?
Deve ter dezenas, pensou PIB. É uma cabeça privilegiada. Mas achou melhor checar. Foi a uma livraria e procurou. O pobre que o atendeu não conhecia nenhuma das grandes obras de Serra. PIB olhou as estantes e não viu nada.
Deve estar tudo esgotado. Só pode ser.
Viu uma pilha dos Irmãos Metralhas, de outro guru, Reinaldo Azevedo. Apanhou um exemplar e já ia comprar quando decidiu que podia deixar para a próxima visita à livraria. Não podia se dispersar. Queria a prosa incomparável de Serra.
Deu um Google, ao chegar em casa, e não encontrou nada.
Meu plano fracassou?
Mas, para o valente PIB, cada problema era apenas a véspera de uma solução. E então ele teve uma segunda ideia genial: fazer uma antologia dos tuítes de Serra.
FHC, em retribuição, poderia assegurar a Serra que sua vaga seria dele, Serra, caso morresse primeiro. Como Serra é meio desconfiado, isso poderia ficar registrado no testamento de FHC.
PIB sorriu sozinho ao compor a imagem de FHC de fardão. O mundo estava precisando de coisas solenes. PIB estava irritado com o papa Francisco pela ausência de pompa.
Papa pobre. Ir de classe econômica para o conclave? Andar de ônibus em Buenos Aires? Coisa de pobre. Coisa de argentino.
A posse de FHC seria uma resposta à pobreza do novo papa. A Globo com certeza já adquirira os direitos de transmissão. Galvão ia narrar.
Vai que é tua, Fernando!
E então PIB deu o sorriso cristalino, triunfal, retumbante que só eles, os Perfeitos Idiotas Brasileiros, sabem dar. E depois pensou: “Temos papa”. Em latim soa mais chique, refletiu.
Habemus papam.
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