sábado, 23 de março de 2013

Atriz Fernanda Torrres reconhece: JN perdeu


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Atriz global e colunista da Folha de S. Paulo resume fenômeno de esvaziamento de audiência da TV aberta; "O público não está trocando de canal, mas de mídia", assinala; ela reconhece que a internet está ainda mais avançada que as televisões pagas; "A TV por demanda aponta um futuro em que o espectador monta a sua própria grade. Algo já praticado na internet, onde os comerciais são destinados a um público alvo e os navegadores trocam indicações entre si"; tempo de Cid Moreira já passou; mas publicidade é concentrada em mais de 60% nas tevês abertas; e a maior parte das verbas, na Rede Globo; força do hábito ou do jabá?
A atriz global Fernanda Torres tocou em texto numa ferida aberta dentro do principal jornal da Rede Globo de Televisão. Em coluna publicada nesta sexta-feira 22 no jornal Folha de S. Paulo, Fernandinha, como é conhecida entre seus amigos, lembra na abertura do artigo Vale-TV que em seu tempo de menina – ela é nascida em 1965 – se acostumou a saber a hora do jantar por ouvir a voz de Cid Moreira no Jornal Nacional. Mas conta que, hoje, seus filhos já não têm mais essa referência. Eles não se guiam pela entrada no ar de William Bonner e Patrícia Poeta. Nem os escutam nem os assistem. Estão atentos a outras mídias, ligados nas tevês por assinatura e conectados à internet.
A propósito de discutir a suspensão, pela ministra da Cultura, Marta Suplicy, do direito de uso do chamado Vale-Cultura para a feitura de assinaturas de tevês fechadas, Fernanda aborda com precisão o tema do esvaziamento da audiência na tevê aberta. A referência inicial ao Jornal Nacional, neste sentido, é emblemática. Apesar de ter um dos espaços publicitários mais caros da mídia brasileira, o JN já não é mais aquele. Nos últimos tempos, perdeu nada menos do que 40% de sua audiência histórica. Ainda se sustenta, no entanto, nas preferências dos muitos responsáveis pela indicação de anúncios nas agências de publicidade, os chamados 'mídias'.
Nos anos 1960, quando fundou a Rede Globo, o empresário Roberto Marinho criou um sistema único de remuneração das agências de publicidade. Em troca de veiculação, ele estabeleceu o B.V. – Bônus de Veiculação. Trata-se de um instrumento existente até hoje, aprimorado através dos tempos, e disseminado entre outras emissoras. Por ele, as agências recebem de volta parte do dinheiro investido em publicidade. O B.V. também é conhecido por jabá.
Boa parte da explicação na insistência na concentração publicitária no Jornal Nacional, apesar das perdas de audiência e, consequentemente, de repercussão, está no B.V. O que Fernanda Torres defende é a reabertura das negociações para se incluir a possibilidade de uso do Vale-Cultura – um avanço para o consumo de produtos culturais e de entretenimento no País – poder vingar, também, para assinatutas para tevês pagas. Ela não diz com todas as letras, mas deixa clara, em sua coluna, que, hoje, as tevês fechadas – e os sites de internet – são realmente muito mais interessantes que o Jornal Nacional.
No 247

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