sábado, 13 de abril de 2013

A diferença entre a atitude de Dirceu e a de Fux no famoso encontro


Dirceu agiu em autodefesa e Fux foi levado por uma vaidade desumana, e isso torna seu gesto moralmente inaceitável.
Quem no lugar de Dirceu não teria feito o que ele fez?
Quem no lugar de Dirceu não teria feito o que ele fez?
Chega-se à verdade por vários caminhos, e nem sempre eles são os mais bonitos.
Mas isso não tira a importância deles. Uma paisagem feia pode levar a um belo destino.
É o caso das revelações de José Dirceu sobre seu encontro com o ministro Luiz Fux. Elas permitiram aos brasileiros saber como funcionam as coisas na hora de escolher alguém para o Supremo, e este conhecimento será a base das pressões que levarão a mudanças.
Você pode dizer, e não sem razão: se ele topou o encontro é porque gostaria de saber como Fux se comportaria no julgamento de extraordinária relevância de que ele, Dirceu, seria réu.
Você diz isso, ou poderia dizer,  embora provavelmente fizesse o mesmo nas circunstâncias em que estava Dirceu.
Dentro do lamentável e nada transparente sistema de indicação para o Supremo que vigora no Brasil, não existe impedimento legal nenhum para isso.
E o risco de passar alguns anos na cadeia – sobretudo se você se julga inocente, e sabe que a mídia vai fazer de tudo para enjaulá-lo – pode levar você a fazer o que Dirceu fez.
A atitude de Dirceu  em receber Fux – a não ser que sejamos maciçamente hipócritas ou antipetistas radicais – é moralmente defensável.
Chama-se autodefesa.
A de Fux não. Ela é moralmente indefensável. É fruto de uma ambição desumana, de uma vaidade sem limites e de uma ética frouxa, vacilante, tíbia que não se pode aceitar num juiz do Supremo.
Fux tem que ser expurgado do STF. Enquanto ele permanecer lá, os brasileiros, com razão, estenderão ao todo os defeitos da parte.
Feita a limpeza urgente,  a sociedade tem que cobrar uma alteração imediata nos métodos de nomeação no Supremo.
Transparência, transparência e ainda transparência.
Isso já deveria estar no debate público quando se soube que a principal razão pela qual Lula indicou Joaquim Barbosa foi o fato de ele ser negro.
(Sem contar a forma como JB abordou Frei Betto para se insinuar entre os candidatos à vaga que Lula – ou para afirmar os negros ou por demagogia, cada qual fique com sua escolha – reservara não ao talento mas à cor da pele.)
Mas o urgente agora é tratar de Fux.
Ele não pode continuar onde está. Não é apenas o pastor Feliciano que está absurdamente agarrado a uma posição para a qual é uma extravagância intolerável.
Fux se tornou o Feliciano do Supremo.

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