quinta-feira, 11 de abril de 2013

Como surge um Fux?

Democracia x Judiciário: Como surge um ‘Fux'?

As revelações de ex-ministro José Dirceu sobre os bastidores da campanha de Luiz Fux à Suprema Corte não são novas. Nem por isso deixam de inspirar  um misto de constrangimento e perplexidade pelo avançado despudor que revelam no acesso a um posto, teoricamente reservado à sobriedade e a isenção. Pregoeiro de um leilão em que era a própria mercadoria, Fux teria ofertado a Dirceu o seu voto de absolvição no julgamento da AP 470. O que ele fez dessa promessa é sabido e revelador.
Não cabe discutir  o caráter dos escolhidos para o STF. O fato é que o saldo do método não é dos melhores. Exposta aos holofotes e às tenazes do cerco midiático, durante quatro meses e meio, aquela corte soçobrou à genuflexão desfrutável pelo enredo conservador montado em torno do julgamento da AP 470. 
O conjunto empresta contundente atualidade ao debate ora em curso na Argentina, onde a Presidente Cristina Kirchner acaba de enviar ao Congresso seis projetos destinados a democratizar as instâncias do judiciário. A composição da Suprema Corte brasileira obedece a uma mecânica de indicação mais antidemocrática e viciada que a do Vaticano na escolha do Papa. O caso do ministro Fux  é ilustrativo de um vício de origem que acolhe as naturezas mais voluntariosas e melífluas.

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