11 de abril de 2013
O caso Fux é uma evidência poderosa disso.
Um julgamento em circunstâncias longe das ideais
O caso Fux – seu encontro admitido com Dirceu quando buscava uma vaga no Supremo que o faria julgar o homem cujo favor queria – reforça um fato: o julgamento do Mensalão tem que ser urgentemente revisitado pelos brasileiros.
Nem que seja para, serenamente, e dadas à defesa todas as condições de trabalho, confirmar as sentenças.
Se não, há um grande risco de, mais para a frente, a sociedade lamentar não ter feito nada não, repito, para mudar o veredito – mas para submetê-lo a uma checagem humanitária, dadas as penas tão severas e lavradas em circunstâncias tão especiais: durante eleições.
Foi tudo muito rápido para um julgamento tão vital.
Vistas as coisas poucos meses depois, reforça-se a impressão de que foi decisiva a influência da mídia na condução das coisas.
A mídia influencia cada vez menos a chamada voz rouca das ruas, como se tem observado nas urnas.
Mas seu poder de intimidação diante de pessoas públicas é talvez maior que nunca, depois que foi subtraído à sociedade, e por um ministro do STF, o sagrado direito de resposta em situações de claro linchamento de reputação.
Temos uma noção da importância desse direito – eliminado numa desastrada ação de Ayres Britto – quando vemos uma clássica amostra dele. Brizola era tripudiado abjetamente pelas Organizações Globo, e um dia enfim conseguiu a chance de responder. É provável que nunca o JN tenha sido tão verdadeiro quanto neste momento em que foi editado por Brizola.
Veja:
São tantas as questões não respondidas adequadamente sobre o Mensalão – foi mesmo desvio de dinheiro público, para começo de conversa – que é uma violência tomar como definitiva a palavra de juízes submetidos a uma pressão fortíssima da mídia num espaço de tempo tão breve.
Que o interesse da mídia foi plenamente atendido com o veredito ficou claro. Mas não ficou tão claro assim que o interesse público tenha sido atendido.
Pense em Fux e seu comportamento instável e ciclotímico: se ele e apenas ele tivesse votado de outra forma o veredito teria sido outro.
Não se trata de gostar ou não de Dirceu, ou de Genoíno, ou do PT. Trata-se, isto sim, de ter mais clareza sobre o que é justiça neste caso.
Atirar pessoas por longos períodos às celas, em circunstâncias tão controversas e sob tamanhas dúvidas, é um erro espetacular.
Ainda é tempo de corrigi-lo.
O passo essencial é, agora, dar tempo aos recursos da defesa.
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