Ao botar a mão embaixo do vestido de
Nicole Bahls à força, o covarde dramaturgo exemplificou o que existe
de pior entre nós homens.
Nunca acompanhei o Pânico, quem dirá as notícias relativas a
ele. Uma imagem postada no Facebook, porém, me chamou a atenção para o
programa. Trata-se do dramaturgo carioca Gerald Thomas colocando a
mão embaixo do vestido da panicat Nicole Bahls, contra a vontade dela,
durante a gravação de uma entrevista. A foto vinha com um texto assinado
pela blogueira Nádia Lapa, do site Cem Homens. Ela narra o episódio:
Era noite de lançamento de um livro dele e a Livraria da Travessa estava lotada. Repórteres, cinegrafistas, funcionários da loja, clientes. Pelas notícias, ninguém fez nada. Nas imagens dá para ver que o colega de trabalho de Nicole no Pânico continuou a entrevista como se nada tivesse acontecendo. Enquanto isso, Thomas enfiava a mão entre as pernas de Nicole e ela tentava se desvencilhar. (…)
Duas coisas me chamam a atenção nesse caso. A primeira é ninguém ter feito nada. Acharem normal. Acharem aceitável. (…) A segunda coisa que me incomoda é terem dito “mas por que ela não fez algo?”. É difícil encarar polícia, legista, imprensa, opinião pública. Além disso, o cara estava agredindo na frente de todos – e ninguém fez nada. Se fosse você a vítima, você não pensaria que a errada é você por não estar gostando, já que todo mundo está achando muito normal?
Fica até difícil saber de quem foi o maior papelão no episódio:
de Gerald Thomas por agarrar Nicole Bahls à força ou dos homens que
presenciaram a cena sem fazer nada. Entre eles seu colega de Pânico Wellington
Muniz, o Ceará, que deveria ter sido o primeiro a dar uma chave de rim
no agressor durante a investida dele. “Fiquei muito triste”, escreveu
ela no Twitter, ao ser questionada sobre o assunto. “Obrigada de
coração pelo carinho. Amanhã é outro dia. Vai passar.”
Há séculos os filósofos dizem que a perfeição é um conceito inatingível
para o ser humano e que, por isso, devemos aprender a conviver com as
nossos defeitos. Concordo. Existe um deles, porém, que é intragável: a
covardia. Gerald Thomas foi covarde ao agarrar uma mulher indefesa (eu
adoraria vê-lo fazendo isso com Ronda Rousey, a campeã do UFC) e também
foram covardes os homens que assistiram sua atitude sem fazer nada.
Por isso digo que o episódio da Livraria da Travessa foi, sem dúvida,
uma mancha para a nossa raça masculina. E deveríamos ter vergonha por
ele ter acontecido. Eu tenho.
No DCM
Um comentário:
Parabéns pelo texto. A atitude do tal Gerald foi nojenta e ele bem merecia a tal chave de rim. Infelizmente, ainda vivemos em uma era paleozóica, corações são de pedra e mulher, ao que parece, ainda é vista como coisa móvel.
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