Com uma possível investigação criminal
contra si, o ex-presidente pode estar sendo empurrado para mais uma
disputa eleitoral em 2014; sua missão será defender sua imagem, seu
legado e provar que a voz do povo está acima dos tribunais ou das
intenções de personagens como Roberto Gurgel e Joaquim Barbosa; no PT,
crescerá a pressão para que ele concorra ao governo de São Paulo ou até
mesmo à presidência da República
247 - Luiz Inácio Lula da Silva foi o
presidente mais popular da história do País, deixando o cargo com 80%
de aprovação. Fora do Brasil, desfruta de imenso prestígio e, mais cedo
ou mais tarde, será lembrado para o prêmio Nobel da Paz, por seus
programas sociais e suas iniciativas de combate à fome em países da
África e da América Latina. Ainda assim, ele está prestar a ser
carimbado pela Justiça brasileira como um possível criminoso, depois que
o empresário Marcos Valério, condenado a mais de 40 anos de prisão, o
acusou de tentar intermediar uma doação de US$ 7 milhões da Portugal
Telecom para o PT, destinada a pagar despesas de campanhas eleitorais,
como os gastos com o publicitário Nizan Guanaes e a dupla Zezé di
Camargo & Luciano.
Diante desse cenário, Lula tem duas alternativas:
encastelar-se em São Bernardo do Campo (SP) e aguardar um possível
julgamento, acompanhado da destruição da sua imagem pela imprensa
tradicional, ou buscar proteção nas ruas, tornando-se, mais uma vez,
candidato em uma disputa majoritária. Sabe-se também que a intenção
inicial de Lula não era participar diretamente das eleições em 2014. Mas
o movimento do Ministério Público poderá alterar radicalmente esse
quadro. "Lula está sendo empurrado para uma nova disputa", disse ao 247,
um dos seus mais próximos interlocutores no PT. "Ele tem a obrigação de
defender seu legado e o próprio PT".
Marqueteiro oficial do partido, João Santana já defendeu a
ideia de que Lula seja candidato ao governo de São Paulo, em 2014, para
tentar encerrar um ciclo de 20 anos de poder do PSDB no estado. Com uma
máquina de propaganda que gastou R$ 2,4 bilhões nos últimos dez anos, o
governo paulista, certamente, teve algum papel na construção do
ambiente midiático que hoje tem, em Lula, seu inimigo público número um.
E o PT acredita que esta oposição está destruída, aniquilida e esmagada
se, depois de perder a prefeitura de São Paulo, ficar também sem o
governo estadual.
Outra possibilidade, bem mais remota, mas não impossível, é
de que Lula seja empurrado pelo próprio PT para disputar a presidência
da República. Uma candidatura lhe serviria também como proteção,
anteparo e espaço para a construção de um discurso político: o de que o
julgamento das ruas, pelo povo, é mais importante do que o julgamento
formal, conduzido por personagens como Roberto Gurgel, Joaquim Barbosa e
assemelhados.
Coincidência ou não, na única vez em que falou sobre o
chamado mensalão após seu julgamento, Lula explicitou essa posição. "Eu
já fui julgado. A eleição da Dilma foi um julgamento extraordinário.
Para um presidente com oito anos de mandato, sair com 87% de aprovação é
um grande juízo", afirmou. Ou seja: para Lula, o julgamento que importa
vem do povo. Será que ele tentará mais uma vez passar pelo teste?
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