segunda-feira, 15 de abril de 2013

Maduro eleito com 50,6%. Chávez é vitorioso

Eleição de Nicolás Maduro projeta a continuidade de regimes de esquerda na América Latina; nos últimos anos, com a riqueza gerada pelo petróleo, o regime de Caracas reduziu a desigualdade social e apoiou vários países da região, como a Bolívia, o Equador, a Argentina e, sobretudo, Cuba, além de El Salvador e Nicarágua; Maduro promete dar continuidade à Revolução Bolivariana, mas, sem o carisma de Chávez, terá que construir sua própria liderança.
Brasil 247 - Hugo Chávez acaba de vencer sua última eleição. Com os resultados oficiais divulgados na Venezuela, Nicolás Maduro, seu herdeiro político, é o novo presidente do país que possui as maiores reservas de petróleo do mundo e, portanto, ocupa papel central na geopolítica global – e não apenas da América Latina. Maduro, segundo o primeiro boletim oficial, foi eleito com 50,66% dos votos, contra 48,3% do opositor Henrique Capriles e agradeceu a Chávez pela vitória. "Vou me entregar a Cristo redentor para ser presidente de todos e todas, e continuarei enfrentando os que odeiam para que deixem de odiar", acrescentou. Ele ressaltou que está preparado para o que vier ao argumentar que "não é uma eleição pessoal", mas de Chávez.
A vitória de Maduro é também decisiva para vários países da América Latina. Com recursos gerados pelo petróleo, a Venezuela não apenas combateu desigualdades internas (foi a país que mais reduziu o Índice de Gini na última década), como também apoiou regimes de esquerda em praticamente toda a América Latina. Chávez deu apoio decisivo à Argentina quando o país rompeu com o Fundo Monetário Internacional e também ajudou a eleger e a sustentar regimes como o de Evo Morales, na Bolívia, Rafael Correa, no Equador e, sobretudo, de Raúl Castro, em Cuba, com a venda de petróleo subsidiado. Maduro, que foi chanceler de Chávez, deve manter a mesma política. Seu desafio será construir uma liderança própria, sem contar com o mesmo carisma do antecessor.
Fiel a Chávez,  Maduro promete manter e aprofundar a chamada Revolução Bolivariana. Na última sexta-feira, ele publicou artigo no jornal inglês The Guardian a respeito. Leia, abaixo, reportagem do Opera Mundi sobre este artigo, em que ele explicita seus objetivos políticos:
O presidente interino da Venezuela e candidato à Presidência, Nicolás Maduro, publicou nesta sexta-feira (12/04) um artigo em inglês no jornal britânico The Guardian no qual garante que irá dar continuidade ao processo revolucionário levado a cabo por Hugo
No texto, intitulado "Sob minha Presidência, revolução de Chávez irá continuar", Maduro diz que "legado de Chávez é tão profundo que os líderes da oposição (...) agora defendem suas conquistas". No entanto, pontua, os venezuelanos "se lembram que muitas dessas mesmas figuras apoiaram o fracassado golpe de Estado contra Chávez em 2002 e tentaram reverter políticas que reduziram dramaticamente a pobreza e a desigualdade".
"O mito difundido pela mídia de que nosso projeto político iria desmoronar sem Chávez foi uma má interpretação fundamental da revolução venezuelana. Chávez deixou uma sólida construção, com fundações amplas, com um movimento unido que apoia o processo de transformação", afirma Maduro. "Perdemos nosso extraordinário líder, mas nosso projeto – construído coletivamente por trabalhadores, fazendeiros, mulheres, indígenas, afro-descendentes e a juventudo – está mais vivo do que nunca", pontua o presidente interino.
No plano internacional, continua o texto, a Venezuela irá continuar a "trabalhar" com seus vizinhos, para "aprofundar a integração regional e combater a pobreza e a injustiça social. É uma visão hoje compartilhada pela região, por isso minha candidatura recebeu apoio tão contundente de figuras como o ex-presidente brasileiro Lula da Silva e de tantos movimentos sociais latino-americanos".
Maduro escreveu que a América Latina está vivendo "uma segunda independência” política e social. “Sob a minha presidência, a Venezuela vai continuar a apoiar esta transformação regional e construir uma nova forma de socialismo para os nossos tempos", diz o presidente interino.

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