O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), pediu ontem ao
advogado Sergio Bermudes que ele cancelasse o jantar que estava
preparando para o magistrado.
O organizador da festa, marcada para o dia 26, queria reunir políticos e
a cúpula do judiciário nacional e do Rio de Janeiro em seu apartamento
de 800 metros quadrados, na zona sul do Rio. O evento celebraria os 60
anos de Fux.
Segundo relato do advogado, Fux informou que sua mãe, Lucy, de 78 anos,
teve uma crise de hipertensão com a repercussão negativa da celebração, o
que teria preocupado o ministro.
A divulgação do jantar pela Folha causou constrangimento no Supremo. Nos bastidores, ministros criticaram a festa, para a qual foram disparados 300 convites.
Além de ser bancada pelo advogado, ela ocorreria pouco depois de o
presidente da Corte, Joaquim Barbosa, ter criticado o que considera
"conluio" entre juízes e advogados no Brasil.
Coincidiria também com o julgamento dos recursos apresentados pelos réus do mensalão, que tentam reduzir suas penas.
Além de todos os ministros do Supremo, Bermudes chamou para o evento
todos os integrantes do Superior Tribunal de Justiça, os 180
desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio, o prefeito da cidade,
Eduardo Paes, e o governador Sérgio Cabral.
O mal-estar foi agravado pela informação de que a filha do ministro, Marianna Fux, é candidata a desembargadora do TJ do Rio.
Na festa, ela teria a oportunidade de circular entre potenciais
eleitores, já que cabe aos desembargadores do TJ, convidados para a
celebração, escolher, a partir de uma lista sextupla da OAB-RJ, os três
nomes que serão apresentados ao governador Cabral. O governador então
escolhe o novo desembargador.
Cabral negou ontem ter recebido o convite para o jantar. Ele também
disse não ter conhecimento de articulação em prol da escolha da filha do
ministro. "Nunca ouvi falar disso. A mim nunca chegou esse assunto.
Agora, que ela é uma advogada brilhante e respeitada, ela é."
Antes da desistência de Fux, Bermudes havia defendido a realização do
evento sob o argumento de que Fux nunca julgou ação em que atua como
advogado, informação reiterada pelo gabinete do ministro.
"Sempre fomos muito amigos. É uma amizade de 40 anos que começou quando
ambos éramos professores. Fui orientador dele e o ministro Fux sempre se
julga impedido de atuar nas ações assinadas por mim ou por sua filha".
Marianna Fux, 32, trabalha no escritório do advogado.
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