Por Mário Augusto Jakobskind
E 2011 está chegando ao fim com uma bomba política nas livrarias. A Privataria tucana,
muito bem escrita e documentada pelo jornalista Amaury Ribeiro
Júnior. Ele provocou um fato político que deixou o PSDB em polvorosa.
Ficou evidente que a patota de FHC/Serra não esperava. O trabalho
apresenta documentos que comprovam falcatruas ocorridas no governo de
Fernando Henrique Cardoso e com Serra na cabeça.
A
mídia de mercado, pelo menos até agora, não se manifestou. Há
informações que o tema está pautado por jornais de outros países.
Geralmente quando isso acontece o tema acaba indo para as páginas dos
jornalões daqui.
O
líder do PSDB, senador Álvaro Dias, que diariamente denuncia supostos
casos de corrupção no atual governo de Dilma Rousseff, tentou minimizar
as acusações de Amaury dizendo simplesmente que se trata de “café
requentado”. Isso não é resposta. FHC, em cujo governo ocorreu a tal
privataria, solidarizou-se com José Serra.
O
deputado Protogenes Queiroz, PC do B-SP, especialista em investigar
fraudes quando era delegado da Polícia Federal, não perdeu tempo e já
recolheu quase o número de assinaturas necessárias para a instalação de
uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar as
denúncias. Fez bem o parlamentar, porque o tema não pode passar
despercebido e respondido da forma que fez o senador Álvaro Dias ou com
notinhas de Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves e outros menos
votados.
Amaury
Ribeiro Júnior, que em poucos dias vendeu mais de 30 mil exemplares,
pesquisou todas as denúncias durante muitos anos até editar a Privataria tucana, que poderia ser conhecida também como Pirataria tucana. Trechos do trabalho aparecem em blogs na internet e dão a volta por cima do silêncio da mídia de mercado.
Em
jogo estão bilhões de reais revertidos para os bolsos de muitos
cidadãos acima de qualquer suspeita que se locupletaram com as
privatizações a preço de banana..
De
quebra, o livro de Amaury Ribeiro Junior apresenta dossiês montados
contra adversários, até mesmo contra o senador Aécio Neves e outras
coisas mais. A investigação mostra um esquema de lavagem de dinheiro
com conexões em paraísos fiscais.
Estão
envolvidos, entre outros, segundo o jornalista, o ex-governador
paulista e candidato à Presidência da República em 2002 e 2010, José
Serra, a filha Monica e outros big-shots do PSDB. E ainda aparece o
banqueiro acima de qualquer suspeita Daniel Dantas.
Quem
sabe da vida de Daniel Dantas é Protogenes Queiroz, que investigou
profundamente o banqueiro e poderá, como relator ou presidente da CPI,
enfrentá-lo cara a cara se for mesmo aprovada a instalação da comissão,
como todos os cidadãos contribuintes estão a exigir.
A revista Carta Capital saiu
na frente e já apresentou matéria esclarecedora a respeito do livro.
Pela gravidade das denúncias, a cúpula tucana e o próprio FHC deveriam
responder as perguntas que surgem. Se por acaso continuarem negando
serão obrigados a entrar na Justiça. Até porque, argumentar apenas que o
livro é “café requentado” não responde ao que está sendo denunciado.
E
cá entre nós, como é diferente o comportamento dos arautos da
moralidade quando tratam de matérias relacionadas com ministros do atual
governo e o esquema acontecido durante o período de privatização de
estatais na gestão tucana. A mídia de mercado segue a mesma linha. É
possível que pela gravidade do que foi apresentado não vai dar para
empurrar eternamente as denúncias para debaixo do tapete, como fazem
geralmente quando estão envolvidos cidadãos do tipo acima de qualquer
suspeita.
Falando
nisso, o que terão a dizer Rodrigo Maia, filho de Cesar Cidade da
Música Maia, ACM neto e outros políticos que vivem posando de arautos
da moralidade com denúncias diárias contra ministros?
Como
reflexão de fim de ano é válida para qualquer dia do ano, por que os
meios de comunicação não informam nada sobre quanto os brasileiros
estão pagando em matéria de juros da dívida pública?
Volta
e meia os jornalões falam dos gastos relativos à corrupção, mas não
informam que diariamente o Estado brasileiro gasta 1 bilhão de reais
com a dívida pública.
Outro
tema que merece reflexão profunda é o relacionado com a privatização
dos aeroportos. Sérgio Cabral defende com unhas e dentes a privatização
do aeroporto Tom Jobim. Já a mídia de mercado apresenta quase
diariamente matérias enfatizando um suposto deterioramento dos serviços
do aeroporto internacional do Rio de Janeiro.
É
o tipo da campanha orquestrada. O Tom Jobim, ao contrário do que dizem
os meios de comunicação de mercado, atende perfeitamente aos
interesses da população. Façam a comparação, por exemplo, com o
aeroporto Charles De Gaulle, de Paris. Se o viajante quiser guardar
malas e pegá-las depois das 9 da noite, impossível. Sabem o motivo?
Simplesmente porque o referido serviço no aeroporto francês fecha as 9
da noite e só reabre no dia seguinte cedo. Já no “deteriorado” Tom
Jobim, o guarda-malas funciona 24 horas por dia.
O
governo Dilma Rousseff começou dar os primeiros passos no sentido de
privatizar alguns aeroportos, como o de Guarulhos e do Distrito
Federal, contrariando o que tinha dito em campanha.
Fica
como sugestão de pauta a de se fazer levantamento dos principais
aeroportos do mundo para saber se estão sob o controle do Estado ou em
mãos privadas. Seria interessante também saber o motivo pelo qual muitos
países entendem que não se deve privatizar aeroporto e sim mantê-lo
sob controle do Estado.
Seria
também importante que a opinião pública e a própria Presidenta Dilma
Rousseff - caso não saiba, o que é difícil - fossem informadas se na
América Latina e pelo mundo afora existem aeroportos e linhas aéreas
que foram reestatizadas depois da enxurrada privatista do período
neoliberal, que esteve no auge na Argentina com o presidente Carlos
Menem e por aqui com FHC.
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