Foto: DIVULGAÇÃO
Depois de PHA ter popularizado o Partido da Imprensa Golpista, Reinaldo Azevedo responde com os JEGs - Jornalistas da Esgotosfera Governista; enquanto jornalões defendem linhas editoriais tucanas, blogueiros encampam defesa do governo; não pode existir independência no jornalismo brasileiro?
Ora, Mouffe não conhece o âmago da política brasileira, mas sua análise se encaixa perfeitamente bem em nossa realidade. E isso não é necessariamente bom. Por aqui, petralhas e tucanalhas se digladiam diuturnamente, sem notar como são parecidos em atitudes e até objetivos. Tem mensalão do PT e privataria tucana. Os militantes de um partido atacam a corrupção do outro. Com paixão, defendem “ideologias” ou, quiçá, projetos de poder.
Os embates ficam ainda mais explosivos, quando se acrescenta o quarto poder no ringue. De um lado, a imprensa de papel, tradicional, diz que está fiscalizando e, por isso, investiga “supostos esquemas” e cobra renúncia de ministros do governo Dilma envolvidos em “escândalos”. De repente, seis ministros já caíram por “suspeitas de corrupção”. A imprensa dorme aliviada todas as noites por ter feito um bem para o País. Aham.
De outro lado, a blogosfera se rebela. Hoje, com as redes sociais como efetivos canais de distribuição, faz sua versão circular. “Não apresentaram nenhuma denúncia contra o ministro. É coisa do PIG" – dizem. O Partido da Imprensa Golpista está por trás de todo esse levante antiPT. É Globo, Folha, Veja, Estadão. Em vez de reunião de pauta, o PIG se encontra em seu QG secreto, no subsolo da Esplanada, para tramar que ministro vai derrubar amanhã e depois. Aham.
A expressão PIG foi popularizada por Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada, e replicada por diversos blogueiros de “esquerda” e militantes petistas. Hoje é jargão. O PIG quer que o PSDB volte ao comando do Brasil para que seus interesses sejam defendidos. São as poderosas corporações contra os pobres trabalhadores, curiosamente representados hoje pelos poderosos trabalhadores.
Pois bem, o representante mais explícito do PIG seria o colunista da Veja e blogueiro Reinaldo Azevedo. No último domingo, 26, ele se apropriou de uma nova sigla, apresentada por um leitor, e já está viralizando. Trata-se dos JEGs, os Jornalistas da Esgotosfera Governista. Nesse balaio, entrariam o inimigo número 1 do PIG – o próprio PHA –, o blogueiro Luís Nassif e publicações como Carta Capital.
Certamente, os blogueiros progressistas – ou sujos, como definiu o atual pré-candidato do PSDB a prefeito de São Paulo José Serra – também fazem parte dessa esgotosfera. Ou seja, partindo das linhas de pensamento (e constatação) de PHA e Rei, PIG e JEGs estão dominando a imprensa brasileira. Todos têm um lado – claramente ou mascaradamente defendido.
Tal como os militantes vedam os olhos para a corrupção do partido que defendem e crescem os olhos para denunciar a do adversário, os jornalistas profissionais e os jornalistas cidadãos (da blogosfera) passam a se pautar por um só lado, seja das poderosas corporações ou dos poderosos trabalhadores. O que conta são os interesses políticos, partidários e econômicos, carregados de síndrome de poliana no caso dos blogs e de cinismo no caso dos jornalões.
E a independência, hein? Como é que fica? Onde se encontra jornalismo independente, seja praticado pelas redações ou por blogs? Em um cenário tomado de paixões, antagonismos e até baixarias, o otimismo de Mouffe não cola.
Os jornalistas brasileiros precisam aprender a ser mais que porcos e jegues. O elemento-chave para superar a dicotomia PIG X JEGs é o bom senso. E o senso crítico. A autocrítica. Uma imprensa livre e independente é aquela que sabe criticar qualquer governo e qualquer oposição, não a partir de seus interesses corporativos ou “ideológicos”. Mas sim com os olhos da sociedade, do que os brasileiros esperamos de nossos políticos e precisamos de nossos governantes.
Isso é ser efetivamente um quarto poder.
Do Site Brasil247.
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