Nova
nota publicada na internet, com assinatura de 98 militares da reserva,
entre eles 13 generais e coronel Brilhante Ustra, ataca Comissão da
Verdade e denuncia intervenção do Planalto e das três Forças para
proibi-los de expressar opiniões
Durou
pouco a retratação dos militares por críticas à Dilma Rousseff. Em nota
divulgada ontem, 98 militares da reserva reafirmaram recentes ataques
feitos por clubes à presidente e disseram não reconhecer autoridade no
ministro da Defesa, Celso Amorim, para proibi-los de expressar opiniões.
A
nota, intitulada "Eles que Venham. Por Aqui Não Passarão", também ataca
a Comissão da Verdade, que apontará, sem poder de punir, responsáveis
por mortes, torturas e desaparecimentos na ditadura. Aprovada no ano
passado, a comissão espera só a indicação dos membros para começar a
funcionar.
"[A comissão é um] ato
inconsequente de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia
com o beneplácito, inaceitável, do atual governo", diz o texto,
endossado por, entre outros, 13 generais.
Apesar
de fora da ativa, todos ainda devem, por lei, seguir a hierarquia das
Forças, das quais Dilma e Amorim são os chefes máximos.
O
novo texto foi divulgado no site "A Verdade Sufocada"
(www.averdadesufocada.com), mantido pela mulher de Carlos Alberto
Brilhante Ustra, coronel reformado do Exército e um dos que assinam o
documento.
Ustra, ex-chefe do
DOI-Codi (aparelho da repressão do Exército) em São Paulo, é acusado de
torturar presos políticos na ditadura, motivo pelo qual é processado na
Justiça. Ele nega os crimes.
A
atual nota reafirma o teor de outra, do último dia 16, na qual os clubes
Militar, Naval e de Aeronáutica fizeram críticas a Dilma, dizendo que
ela se afastava de seu papel de estadista ao não "expressar desacordo"
sobre declarações recentes de auxiliares e do PT contra a ditadura.
Após
mal-estar e intervenção do Planalto, de Amorim e dos comandantes das
Forças, os clubes tiveram de retirar o texto da internet.
"Em
uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do manifesto do dia 16",
afirma a nota de ontem, que lembra que o texto anterior foi tirado da
internet "por ordem do ministro da Defesa, a quem não reconhecemos
qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo".
A
primeira das três declarações que geraram a nota foi da ministra Maria
do Rosário (Direitos Humanos), para quem a Comissão da Verdade pode
levar a punições, apesar da Lei da Anistia.
Depois,
Eleonora Menicucci (Mulheres) fez em discurso "críticas exacerbadas aos
governos militares", segundo o texto. Já o PT, em uma resolução, disse
que deveria priorizar o resgate de seu papel para o fim da ditadura.
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