O
Brasil está mais próximo de acabar com a extrema pobreza, a julgar por
um diagnóstico recente elaborado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas
Aplicadas (Ipea), intitulado “Mudanças recentes na pobreza brasileira”.
As
causas desta perspectiva, segundo o órgão, são o crescimento do emprego
formal no país, a política de valorização do salário mínimo, as
transferência de renda através do Bolsa Família e a estabilidade
macroeconômica. Devido a este conjunto de fatores, 6 milhões de pessoas
deixaram a faixa de extrema pobreza, classificada como as famílias com
renda per capita de até R$ 67 mensais.
Mobilidade
“Está
ficando difícil estudar os extremamente pobres porque este grupo está
mudando”, afirmou o técnico do Ipea Rafael Guerreiro Osório, durante
palestra no 15º Fórum de Debates Brasilianas.org, realizado na última
quinta (20) em São Paulo.
Rafael
apresentou os dados do documento “Mudanças recentes na pobreza
brasileira”, que traça um perfil da pobreza no Brasil e a evolução
ocorrida no período 2004-2009. O estudo divide a população que, em 2009,
tinha ganhos abaixo de R$ 465 mensais per capita em três estratos: os
extremamentes pobres, com renda menor que R$ 67/mês; os pobres, com
renda entre R$ 67 e R$ 134; e os vulneráveis, com renda entre R$ 134 e
R$ 465. Acima deste valor, as famílias são classificadas como
não-pobres.
18,3 milhões saem da pobreza
Rafael
mostrou que houve uma diminuição nos três estratos mais pobres,
revelando uma notável mobilidade social. Entre o período estudado, no
mínimo 18,3 milhões de pessoas ascenderam para a faixa dos não-pobres.
Segundo o pesquisador, este dado é importante porque muda a impressão
errada de que estes grupos são estáticos.
Ocorreu,
também, uma mudança na estrutura etária destes estratos de renda. Com a
vinculação do piso da previdência ao salário mínimo, os idosos agora se
concentram entre os vulneráveis e os não-pobres, contra somente 1% de
pessoas com mais de 65 anos na faixa de extrema pobreza.
Mercado de trabalho
De
acordo com o Ipea, a pobreza agora está mais relacionada com o tipo de
conexão com o mercado de trabalho. Na faixa dos extremamente pobres, 29%
não têm conexão com o mercado, e 32% têm uma conexão precária, ou seja,
empregados ou empreendedores informais, sem carteira de trabalho.
Revela-se aí o corte de classe da pobreza, que afeta basicamente os
membros da classe trabalhadora.
Apesar
das mudanças, a distribuição espacial da pobreza no país mudou pouco.
Os pequenos municípios rurais no Nordeste ainda concentram a maior parte
da incidência de pobreza. Rafael sugeriu que políticas sociais com
ênfase neste municípios podem ser mais eficientes no combate à pobreza.
O
comunicado do Ipea conclui que, sem a geração de empregos e o aumento
real do salário mínimo, o Bolsa Família não seria tão bem sucedido. Além
disso, Rafael Osório ressaltou que, embora as políticas de
transferência tenham influenciado ao aumento do bem-estar por causa da
renda, esta evolução não teve a mesma intensidade em outras áreas da
políticas públicas, como no saneamento básico.
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