O governo lançou ontem um pacote para proteger o mercado interno da invasão de importados, defender o país de barreiras comerciais e promover as exportações brasileiras. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, serão adotadas 20 medidas para que o Brasil possa reagir preventivamente às expectativas geradas pela turbulência mundial. “O Brasil reagiu bem à crise de 2008, mas, lamentavelmente, ela ainda não chegou ao seu fim”, ressaltou.
Patriota informou que a China, principal parceiro comercial do Brasil, será monitorada à parte dentro de uma força-tarefa na área de Assuntos Econômicos do Itamaraty voltada para negócios com 25 mercados estratégicos. Os produtos chineses têm sido alvo constante de sanções por parte do Brasil, sob a acusação de concorrência desleal.
Segundo o chanceler, o objetivo das medidas é “preservar os avanços alcançados e olhar para novos horizontes”. Na sua opinião, o momento atual favorece a busca de novos parceiros externos e internos, inclusive na sociedade civil “em benefício de todos”. Ele destacou, porém, que as turbulências econômicas já prejudicaram as negociações multilaterais na Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas o país continuará diversificando a sua pauta de exportação e os destinos das mercadorias, com foco nos mercados emergentes, sem, no entanto, se descuidar dos desenvolvidos.
Para isso, o ministro avisou que os 218 postos diplomáticos do país no exterior serão colocados a serviço da promoção dos produtos nacionais, sobretudo os do agronegócio. “Vamos nos focar nas dificuldades de cada setor e buscar soluções. O esforço visa uma presença comercial competitiva”, acrescentou, prometendo maior sintonia com o
setor privado. Será ampliado ainda o número de representantes em negociações internacionais e reforçada a presença em feiras e missões comerciais, além de mais treinamento de diplomatas.
As ações anunciadas pelo Itamaraty ocorrem justamente num momento em que a União Europeia, os Estados Unidos, a China e o próprio Brasil adotam medidas protecionistas. Roberto Carvalho de Azevedo, representante brasileiro na OMC, lembrou que o país foi o maior vitorioso em 16 anos de sistema de solução de controvérsias, tema de seminário internacional organizado pelo Itamaraty. “Foram bilhões de dólares conquistados em favor de exportadores brasileiros, incluindo casos emblemáticos como os do algodão, do açúcar, da Embraer, do suco de laranja, das carnes de aves e dos medicamentos genéricos”, disse.
Para ele, a crise atual é um novo desafio e descarta prejuízos à reputação brasileira com o aumento da taxação sobre carros importados, considerada como medida protecionista. “Questionar e ser questionado no âmbito da OMC é uma rotina e um direito de qualquer país-membro. Se houver insatisfação ou dúvidas, vamos responder de forma adequada”, disse.
» SÍLVIO RIBAS
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