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Fernando
Morais esmiúça a sempre atual prática fascista de disseminar o medo na
população num dos trechos do seu mais recente lançamento literário: Os últimos soldados da guerra fria. (Companhia das Letras, 2011).
Na
verdade atualíssimo, o livro nos leva a compreender a absoluta falta de
pudor dos grupos políticos da direita brasileira ao espalharem falsas
notícias, entrincheirados em seus monopólios da comunicação, despejam
mentiras sobre aborto, terrorismo, ameaças às liberdades religiosa e de
expressão e outras atrocidades que, segundo eles pregam, estariam nos
planos dos governos populares que fazem o levante pacífico na América
Latina. Rejeitados nas urnas armam a cada semana uma tentativa golpista
e, em nome da liberdade de imprensa, se constituem numa ameaça à
democracia.
Panfletos reproduzem artigo por artigo de uma falsa lei que tomaria os filhos das famílias cubanas
“Os
cubanos ainda conviviam com os traumas provocados pela fuga em massa
quando a Igreja católica juntou suas forças à oposição para promover
mais uma debandada rumo ao exílio. No auge das primeiras confrontações
entre Havana e Washington, a CIA e o arcebispo Coleman Carrol, titular
da arquidiocese de Miami arquitetaram um espantoso plano de
transferência massiva de crianças de Cuba para os Estados Unidos, para o
qual contaram com o apoio indispensável da Igreja cubana. Batizada de Operação Peter Pan
e inspiradora de livros e filmes, a ação teve início numa noite de
outubro de 1960, com a patética proclamação de um locutor da rádio Swan,
estação de ondas médias da CIA instalada na ilha Cisne, em território
hondurenho, para transmitir programas dirigidos a Cuba. “Mães cubanas! O
governo revolucionário está planejando roubar seus filhos!”, gritava o
radialista. “Quando fizerem cinco anos, seus filhos serão retirados de
suas famílias e só retornarão aos dezoito anos, transformados em
monstros materialistas! Alerta, mães cubanas! Não deixem que o governo
roube seus filhos!” O segundo passo foi dado na manhã seguinte quando
centenas de milhares de panfletos foram espalhados pelo país com o
texto de uma falsa lei, redigida nos escritórios da CIA, que estaria
para ser posta em vigor “a qualquer momento” pelo governo de Cuba.
Repleto de considerandos e de citações da legislação em vigor, o
documento apócrifo era assinado por “Doutor Fidel Castro Ruz,
primeiro-ministro” e pelo então presidente da República, Osvaldo
Dorticós. A ameaça que iria aterrorizar pais e mães aparecia em três
artigos e dois parágrafos:
Artigo
3º - (...) A partir da vigência da presente lei, o pátrio poder das
pessoas menores de vinte anos de idade será exercido pelo Estado.
Artigo
4º - (...) Os menores permanecerão sob os cuidados de seus pais até a
idade de cinco anos, a partir da qual sua educação física, mental e
cívica será confiada à Organização de Círculos Infantis, os quais serão
responsáveis pela guarda e pelo pátrio poder dos referidos menores.
Artigo
5º - (...) Tendo em vista sua educação cultural e capacitação cívica, a
partir dos dez anos de idade qualquer menor poderá ser trasladado para o
lugar mais apropriado para a consecução de tais objetivos, sempre tendo
em conta os mais altos interesses da nação.
Parágrafo
1º - A partir da publicação desta lei, fica proibida a saída do
território nacional de todas as pessoas menores de idade.
Parágrafo
2º - O descumprimento dos preceitos compreendidos na presente lei será
considerado delito contrarrevolucionário, sancionável com pena de prisão
de dois a quinze anos, conforme a gravidade do delito.
Vigários de paróquias diziam que crianças seriam transformadas em alimento enlatado para o consumo da população russa
...Os
desmentidos do governo revolucionário não tinham sido suficientes para
diminuir a apreensão das famílias cubanas. Além disso, vigários de
paróquias de todo o país, especialmente no interior, onde vivia a
população mais simples e desinformada, se encarregaram de difundir a
macabra versão de que as crianças separadas dos pais seriam removidas
para Moscou e transformadas em alimento enlatado para o consumo da
população russa. Não era a primeira vez que se utilizava para fins
políticos história tão medonha e inverossímil. A anedota segundo a qual
comunistas comiam pessoas nascera no fim da Segunda Guerra, quando a
máquina de propaganda fascista inundara a Itália de folhetos que
afirmavam que soldados italianos que se entregassem ao Exército Vermelho
seriam mortos, triturados e transformados em comida para saciar a fome
que dizimava milhões na Rússia stalinista.”
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