Por Marcelo Migliaccio, do blog Rio Acima
Já disse aqui, e é sempre bom repetir, que odeio ditaduras.
Mas
só o povo pode enxotar ditadores do poder. Kadafi ficou 42 anos
governando a Líbia. Mesmo nos noticiários viciados das agências
internacionais, em momento algum vimos multidões de líbios nas ruas
gritando contra seu "papai". Sim, ele era chamado de "papai".
Vimos
a Otan guerreando as forças leais a Kadafi com tanques e mísseis. O que
a Otan foi fazer na Líbia? Salvar o povo? Não creio. Ou teria que
invadir dezenas de países governados com mão de ferro.
Foi atrás de petróleo, claro.
Chefiada
pelos Estados Unidos, a polícia planetária acaba de cometer mais um
achaque. Já havia exterminado Osama Bin Ladem como fazem os esquadrões
da morte. Nem o corpo do terrorista sobrou para contar a históra.
Agora,
as muitas versões para as circunstâncias que Muammar Kadafi foi morto
mostram que desta vez também não haverá boletim de ocorrência.
Prendê-lo
e julgá-lo numa corte internacional também seria ridículo, mas pelo
menos daria uma certa aparência de legalidade à coisa.
E
se um dia esses caras, de olho nas nossas reservas de água potável,
resolverem que devem salvar o Brasil? É bom lembrar que temos muitas
riquezas naturais, motivo mais do que suficiente para que a PM
planetária venha nos "proteger".
Bom, eu disse que odeio ditaduras.
Inclusive
a do dinheiro, que vigora em todos os quintais dos Estados Unidos. Se
você tem a prata, pode tudo, se não tem vá lavar um banheiro de bar
imundo, como teve que fazer o rapper Thaide no bom programa A Liga, da
Band, em que precisou se virar com um salário mínimo.
Por
isso apoio as políticas de distribuição de renda do governo brasileiro.
Porque as pessoas não podem ser condenadas a viver sob o cabresto da
pobreza. A todos deve ser dada a chance de se alimentar, ter uma moradia
digna e estudar.
Outro dia, um
jornal colocou na manchete que o governo gastou mais com programas de
distribuição de renda do que com "investimentos".
No
dicionário desse jornal (e da casta da qual ele é porta-voz) alimentar
um povo não é investimento. Para eles, investimento é dar o dinheiro do
pais a grandes conglomerados empresariais.
Investimento é café, almoço e janta para todo mundo. De barriga cheia, cada um vai à luta. Com fome é que não dá.
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