segunda-feira, 24 de outubro de 2011

POLÍTICA - Eu, Carlos Dória, retorno aos meus 22 anos ou porque não participo das atuais passeatas

Com essa idade cursava o segundo ano de economia. Na faculdade, em pleno governo João Goulart, vi desabrochar mais ainda minha "veia política".

Digo isso, por que comecei a me interessar por política pelas mãos do meu avô, oficial do exército brasileiro, que seguia a filosofia positivista que tinha muitos seguidores no Brasil , nos fins dos anos de 1980 até final da década de 60. Meu avô era extremamente nacionalista, amigo do Marechal Rondom e, por suas mãos, quando eu tinha apenas 11 anos, me levava para as reuniões no Clube Militar, para assistir reuniões de cunho político, onde a discussão do momento era a "Campanha do Petróleo é Nosso, que deu lugar à criação em 1953 da Petrobrás.


Por ironia do destino, quem participava também dessas reuniões era o general Cardozo,pai do inesquecível FHC, que na sua volúpia entreguista, tentou em seu governo, mudar o nome da Petrobrás para Petrobrax, a fim de facilitar sua privatização solicitada pelo FMI.

Voltando à faculdade, quem naquela época estudava na área de Ciências Sociais (economia, sociologia, antropologia, etc, vivia discutindo nos diretórios das faculdades e nas mesas dos bares, como os lendários Jangadeiro, Zepelin, Lagoa, a conjuntura política internacional e nacional.

Discutia-se a Revolução Cubana, a Guerra Fria, O Maio de 68 na França, a Guerra do Vietnan, (a maioria a acompanhava lendo o JB e torcendo pelos vietcongs), como também se discutia as reformas de base que o Jango queria implantar no Brasil, e a campanha que a direita reacionária golpista liderada pelos mesmos jornais golpistas de hoje ( O GLOBO, Estadão,etc,), que levaram através de uma campanha sórdida, como fazem hoje contra os governos do PT, contra os movimentos sociais como o MST e contra os que não rezam pela sua cartilha.

Me envolvi no movimento estudantil contra a ditadura, ocasião em que convivi com vários jovens idealistas como eu, que tinham utopias que parece que os jovens de hoje não têm.

Basta verificar que os antigos diretórios estudantis do meu tempo, hoje dia tornaram grêmios estudantis onde se discute tudo menos política.

Convivi com o José Serra, com o qual fui ao famoso discurso da Central do Brasil, onde ele, como presidente da UNE, discursou ao lado do Jango, do Brizola, do Arraes, do Julião, etc.

Quem te viu, quem te vê! Convivi com o Zé Dirceu, com o Franklin Martins, ex-jornalista de O Globo, com o José Travassos, assassinado pela ditadura, com o Vladimir Palmeira, que organizou a Marcha dos 100 000 em 1968, que foi um dos motivos do famoso AI 5, que foi o golpe dentro do golpe e muitos outros que não me recordo mais, muitos também dados como desaparecidos durante o golpe.

Recentemente quando fui participar do Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas em Brasília, tive a oportunidade de reencontrar o José Dirceu e Franklin Martins.

Não posso deixar de falar no Arnaldo Jabor, meu companheiro de mesa de bar no Jangadeiro, que fazia parte do PCB (antigo Partidão) ao qual também pertencei o Roberto Freire, hoje presidente do PPS, um dos partidos da direita que combatem tudo que cheira a nacionalismo e esquerda e as políticas sociais que promovem a inclusão em nosso país. Este, como o José Serra e o Jabor mudaram de lado, como todos nós sabemos, além do senador Aluizio Nunes, eleito pelo PSDB por São Paulo, que nos Anos de Chumbo pertencia ao Grupo Ação Popular - AP.
Este senador participou de assaltos a bancos e nunca nenhum dos jornais golpistas o chamou de terrorista, nem mesmo o José Serra, como fizeram com a Dilma, tão lutadora contra o golpe militar como eles.

Com o movimento "Occupy Wall Street, voltei ao meu passado das passeatas, numa época em que acreditava nos mesmos valores em que creio hoje. Que só com a eliminação das desigualdades e da injustiça social teríamos paz no mundo. Que o mundo só se transformaria com a inclusão social dos menos favorecidos. Era minha utopia do momento e me engajava de corpo e alma nela.

O "Occupy Wall Street" é um movimento que trás à luz, a realidade de um sistema econômico perverso que só aumenta a miséria no mundo com a exploração da classe trabalhador e da destruição da nossa "Mãe Terra", onde prevalece a ganância e o lucro acima de tudo e onde não existem cidadãos e sim consumidores. Quem não tem como consumir é um peso para o sistema capitalista. Tudo para enriquecer uma parcela insignificante da população mundial, onde 34 % da riqueza mundial está concentrada nas mãos de 0,4% de habitantes do nosso planeta.

Um sistema onde mais do que outro, propicia a corrupção, dado o poder econômico desses privilegiados, e são esses que na maioria das vezes vêm falar em ética.

Com o movimento dos "Indignados", que mostra como o sistema capitalista atinge à nós cidadãos comuns e que está se espalhando pelo mundo e que acredito que seja um movimento sem volta , me lembrei da efevercência dos movimentos de rua do nosso país a partir da década dos anos 50.
Hoje, aquí no Brasil, são promovidas passeatas contra a corrupção sem se falar nos corruptores.

Os verdadeiros propósitos dos organizadores dessas manifestações aquí no Brasil, apesar de se declararem apartidários, são de criar um clima para atacar o Governo Dilma a fim de enfraquecê-lo para criar condições que favoreçam a volta ao poder do PSDB e afins.

Para conseguir seu intento, tentam colar no governo Dilma a pecha generalizada da corrupção e que esta antes do governo Lula não existiam em nosso país. Que ela é invenção do PT.

Acham que só a oposição é ética e dígna apesar de que na era FHC a corrupção foi empurrada para "debaixo do tapete", onde o Procurador Geral da República ficou conhecido como o engavetador de processos, pois não permitia a abertura de sindicâncias para apurar as denúncias de corrupção a começar pela compra de votos para a reeleição do FHC.

Os movimentos atuais de rua no Brasil são poucos concorridos e isso é explicado por um empresário no O Globo do dia 13 passado:
“Sabemos que as redes sociais não atingem a todos, mas precisamos que esse não seja só um movimento de elite”...

Realmente são movimentos de elite. Na manifestação da Cinelândia o que mais vi foram "mauricinhos, patricínhos, dodocas. Nada de povo na verdadeira acepção da palavra.

Por isso, só participarei de passeatas como fiz nos "Anos de Chumbo", quando além do tema corrupção, entre também as bandeiras levantadas pelos movimentos sociais, como a nomeação dos corruptores que nunca são revelados, o combate ao trabalho escravo, a manutenção dos direitos trabalhistas, o apoio as políticas sociais de inclusão dos mais desfavorecidos, a proibição dos leilões do petróleo, etc, etc.

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