Do
Blog do Miro - segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Por
Wladimir Pomar, no sítio
Correio da Cidadania:A
situação mundial está se tornando cada vez mais hipócrita e perigosa.
Os Estados Unidos, por exemplo, utilizam seu poder de emissão monetária
para desvalorizar artificialmente sua moeda e dar maior competitividade
aos produtos de suas indústrias. Ao mesmo tempo, sem pudor algum, exigem
que a China e outros países valorizem suas moedas em relação ao dólar,
insinuando a possibilidade de guerras comerciais e outros tipos de
retaliação.
A OTAN destruiu toda a infra-estrutura da Líbia
para garantir a vitória de seus aliados internos contra Kadafi, apesar
das atrocidades que as forças desses aliados cometeram contra minorias
étnicas e desafetos políticos. Agora, a OTAN saúda o novo governo
provisório por estar implantando a democracia, sobre a qual não existem
dados concretos, ao mesmo tempo em que oferece financiamentos para
reconstruir o país que ela própria destruiu.
A Liga Árabe decidiu
punir a Síria pela repressão militar contra os opositores ao governo e
pela falta de democracia no país. Mas não deixa de ser uma demonstração
de desfaçatez que reis, emires e potentados de países árabes, aliados
dos Estados Unidos e de países europeus, defendam a democracia na Síria,
ao mesmo tempo em que mantêm seus próprios povos sob o tacão de
ditaduras que não admitem sequer a existência de opositores.
Na
mesma linha de pressões articuladas contra o governo sírio, os Estados
Unidos e vários países europeus prometem novas medidas de retaliação, ao
mesmo tempo em que nada diziam sobre o Iêmen, nem sobre as ações
evasivas dos militares egípcios. A democracia e os direitos humanos se
tornaram apenas armas ofensivas contra os desafetos, enquanto sequer
devem ser mencionadas quando tratam de aliados, ou mesmo de situações
internas. A proibição dos movimentos de “ocupação” nos Estados Unidos, a
pretexto de que ameaçam a segurança nacional, é o exemplo mais recente
da funcionalidade unilateral dessas bandeiras políticas.
Os
Estados Unidos e Israel, por sua vez, continuam articulando medidas de
retaliação contra o Irã, a pretexto de que esse país está se preparando
para produzir a bomba atômica. A sabotagem contra instalações iranianas,
provavelmente praticada pelo serviço secreto de Israel, o Mossad,
segundo diferentes fontes de informação, mostra o grau de perigo a que
tais medidas chegaram, colocando o mundo diante do imponderável.
A
hipocrisia dos Estados Unidos e de Israel, no caso, é emblemática.
Ambos não são contra a existência de armas atômicas, já que os dois as
têm, embora Israel não diga nem que sim, nem que não. Ambos também não
se propõem a um acordo mundial de proibição total dessas armas de
destruição em massa, o que significaria o desmantelamento de seus
arsenais atômicos, e também os da Rússia, China e França. Eles
simplesmente são contra sua posse por outros países, em especial se tais
países fazem parte dos inimigos declarados, como Irã e Coréia do Norte.
Se
juntarmos a esses fatos a situação problemática da Palestina, o
aprofundamento da crise econômica nos Estados Unidos e na zona do euro, o
ressurgimento de movimentos neonazistas na Europa, a repressão contra
os imigrantes nos países capitalistas em crise, as guerras inacabadas no
Afeganistão e no Iraque, a persistência de ações terroristas, de
fundamentalistas não só islâmicos, mas também de outras confissões
religiosas, podemos concluir que o mundo parece haver ingressado
naqueles tipos de hipocrisia e perigo que antecederam as duas grandes
guerras mundiais.
É evidente que também há sinais crescentes de
que os povos dos países desenvolvidos voltam a despertar e a lutar,
inclusive nos Estados Unidos. O crescimento e o aprofundamento dessas
lutas talvez sejam os principais antídotos para desmascarar a hipocrisia
reinante e superar os perigos existentes. Embora no momento elas ainda
estejam restritas à indignação contra os políticos e contra o sistema
financeiro, essa ainda é a melhor escola de aprendizado.
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