“Detido pela Operação Sinal Fechado, o
ex-deputado e suplente de senador recebia, até o ano passado, remuneração
mensal de duas estatais paulistas de transporte; tanto no governo de José Serra
(à esq.) quanto no de Geraldo Alckmin (à dir.)
Detido por conta da investigação de um
esquema de fraudes em licitações do Detran do Rio Grande do Norte, o suplemente
de senador João Faustino (PSDB-RN) recebeu, até julho do ano passado,
remuneração mensal da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da
Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) de São Paulo. O pagamento
de jetons que variavam de R$ 3,5 mil a R$ 4,4 mil pelas estatais de São
Paulo aproxima ainda mais o ex-deputado detido do ex-governador José Serra
e do atual governador do estado, Geraldo Alckmin.
Enquanto Serra foi governador de São Paulo,
Faustino despachava no Palácio dos Bandeirantes, como subchefe da Casa Civil.
Naquela época, ele estava diretamente subordinado ao então chefe da Casa Civil,
Aloysio Nunes Ferreira, hoje senador pelo PSDB. Quando Serra se tornou
presidenciável, João Faustino passou a coordenar as atividades da campanha –
inclusive a arrecadação de recursos – fora de São Paulo. Mas não deixou de
receber das estatais paulistas.
Hoje acusado de fazer lobby para um
consórcio envolvido no esquema da inspeção veicular, Faustino era apenas um dos
dez ex-parlamentares que as empresas do governo de São Paulo empregaram até o
ano passado em seus conselhos de administração, entre eles a ex-vereadora e
ex-subprefeita Soninha Francine (PPS). A lista incluía políticos de partidos
como PSDB, PPS e DEM, de estados como Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Norte e Tocantins. Todos recebiam, por reunião mensal, entre R$ 3,5 mil e R$
4,4 mil, o chamado jetom – como o regulamento permite até duas sessões
remuneradas por mês, eles podiam acumular até R$ 8,8 mil em 30 dias.
A conexão Rio Grande do Norte–São Paulo foi
reforçada ainda mais nesta segunda-feira, quando o procurador jurídico da
prefeitura de São José do Rio Preto, Luiz Antonio Tavolaro, deixou o cargo sob
a acusação de integrar a quadrilha que controlava o serviço de inspeção
veicular no estado nordestino. Ex-diretor Jurídico da Dersa (Desenvolvimento
Rodoviário S/A de São Paulo), Tavolaro foi um dos responsáveis pela licitação
que contratou o consórcio Inspar para o serviço de inspeção veicular no Rio
Grande do Norte.”
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