Sob pressão, Gurgel vai investigar Demóstenes
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deverá abrir nas
“próximas horas” uma investigação sobre parlamentares suspeitos de
envolvimento em irregularidades apontados na Operação Monte Carlo, da
Polícia Federal. A ação, que desarticulou um esquema de jogos de azar no
Estado de Goiás, apontou o envolvimento de parlamentares com o
empresário e contraventor Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos
Cachoeira.
A informação sobre a abertura da investigação foi dada na tarde desta
terça-feira (27) pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), após
encontro com Gurgel na Procuradoria Geral da República (PGR). Entre os
possíveis envolvidos estão o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e os
deputados por Goiás Rubens Otoni (PT), Carlos Alberto Leréia (PSDB) e
Sandes Júnior (PP).
Hoje, PT, PDT e PSB protocolaram um pedido de esclarecimentos ao
procurador-geral sobre a demora nas investigações da suposta relação de
deputados e senadores com o empresário.
Em um acontecimento raro, Gurgel recebeu parlamentares da Frente Mista
de Combate à Corrupção e sinalizou "indícios robustos" para propor uma
investigação no Supremo Tribunal Federal (STF). "Hoje chegamos céticos e
estamos confiantes agora", disse Randolfe.
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) pediu afastamento da liderança do
DEM no Senado, na tarde desta terça-feira (27), em carta enviada ao
presidente nacional da legenda, José Agripino Maia (RN). No texto,
Demóstenes afirma que precisa de mais tempo para se dedicar à defesa das
acusações que o envolvem com o empresário Carlinhos Cachoeira.
“A fim de que possa acompanhar a evolução dos fatos noticiados no
últimos dias, comunico à Vossa Excelência meu afastamento da Liderança
do Democratas no Senado Federal”, disse o senador.
Reportagem da revista "CartaCapital"
afirma que o senador arrecadou R$ 50 milhões após se associar com o
bicheiro, que, segundo a Polícia Federal, controlava uma rede de 8.000
máquinas ilegais de caça-níqueis e 1.500 bingos clandestinos. A
reportagem diz ter obtido, junto ao núcleo de inteligência policial da
Superintendência da Polícia Federal em Brasília, um relatório sigiloso
da Operação Monte Carlo, que dá detalhes da relação entre o senador e o
bicheiro.
Segundo a publicação, o esquema de Cachoeira rendeu R$ 170 milhões nos
últimos seis anos, dos quais Demóstenes teria ficado com cerca de 30%.
Ainda segundo a reportagem, a Polícia Federal saberia, desde 2006, que o
senador, que é ex-procurador, ex-delegado e ex-secretário de Segurança
Pública de Goiás, teria relação direta com o grupo de Cachoeira.
Ainda de acordo com a "CartaCapital", o senador teria conseguido manter
em sigilo sua suposta ligação com Cachoeira após subornar um delegado da
PF em Goiás que estava entre os 35 presos na operação Monte Carlo, em
29 de fevereiro.
Em meio às acusações de irregularidades, Demóstenes confirmou apenas que
havia recebido presentes de casamento –uma geladeira e um fogão
importados– de Cachoeira. Porém, vieram à tona informações que o senador
mantinha uma linha telefônica para conversar com o empresário.
O corregedor do Senado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), enviou pedido
de informações ao Ministério Público para saber se há envolvimento de
Demóstenes no esquema de corrupção investigado pela Operação Monte
Carlo. Depois dessas informações, Vital do Rêgo definirá se o caso será
remetido ao Conselho de Ética da Casa.Com informações da Agência Brasil
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