“O presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), ministro Carlos Ayres Britto, disse hoje (11) que os ministros da Corte
não temem o desenrolar dos fatos envolvendo o empresário Carlos Augusto Ramos,
o Carlinhos Cachoeira, suspeito chefiar um esquema de jogos ilegais. Segundo
divulgado ontem (9) pelo site Folha Online, três ministros do Supremo
estão entre as 82 pessoas citadas nos grampos telefônicos do empresário: Gilmar
Mendes, Antonio Dias Toffoli e Luiz Fux.
“Eu acho que nenhum ministro do STF teme
absolutamente nada, mas aguardemos os fatos”, disse Britto, na tarde de hoje,
pouco antes de palestrar em um evento sobre gestão pública. Além de ministros
do STF, a lista também tem nomes de políticos, empresários e jornalistas.
O suposto envolvimento de ministros do STF
e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) nos fatos ligados a Cachoeira foi
negado na semana passada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Por
meio de nota, ele afirmou que “matérias que afirmam o contrário são mentirosas
e irresponsáveis, servindo apenas para tumultuar investigações de fatos
extremamente graves que a sociedade brasileira deseja ver cabalmente apurados”.
Britto preferiu não comentar se a tentativa
de convocar o procurador-geral para depor na CPI é legal porque, segundo ele, o
assunto “tem um potencial de judicialização”. Perguntado se o STF deve dar a
palavra final sobre a controvérsia, o presidente disse que não pode dizer que é
provável, mas que o assunto "tem potencial para ir [ao Supremo]. Então
prefiro não falar sobre isso”.
Parlamentares insatisfeitos com o
desempenho do procurador-geral no caso Cachoeira querem convocá-lo para
explicar por que não acionou o STF em 2009, quando recebeu os resultados da
Operação Vegas, da Polícia Federal. Ela antecedeu a Operação Monte Carlo nas
apurações sobre Cachoeira e já trazia informações sobre o envolvimento do
bicheiro com parlamentares.
Gurgel alega que, na época, não tinha
elementos suficientes para incriminar os envolvidos. O procurador também disse
que não pode participar da CPI porque isso impediria seu trabalho nas investigações,
já que iria depor na condição de testemunha.”
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