À medida em que as peças do quebra-cabeça Cachoeira vão se juntando,
vislumbra-se um quadro inédito na história do país. Tão inédito que
ainda não caiu a ficha de parte relevante da opinião pública e,
especialmente, do Judiciário. O desenho que se monta é uma conspiração
contra o Estado brasileiro (não contra o governo Lula, especificamente),
através de três vértices principais.
Havia o chefe de quadrilha Carlinhos Cachoeira. Sua principal arma era a
capacidade de plantar matérias e escândalos, falsos ou verdadeiros, na
revista Veja – o outro elo da corrente.
Durante algum tempo, graças ao Ministro Gilmar Mendes, seu principal
operador – o araponga Jairo Martins – monitorou o sistema de telefonia
do Supremo. E Cachoeira dispunha da revista Veja para escandalizar qualquer conversa, fuzilar qualquer reputação.
Essa é a conclusão objetiva dos fatos revelados até agora.
O que não se sabe é a extensão das gravações. Veja demonstrou em
várias matérias – especialmente no caso Opportunity – seu poder de
atacar magistrados que votavam contra as causas bancadas pela revista.
A falta de discernimento das denúncias, o fato da revista escandalizar
qualquer conversa, a perspectiva de virar capa em uma nova denúncia da
revista, seria capaz de intimidar o magistrado mais sólido.
A dúvida que fica: qual a extensão das conversas do STF monitoradas e
gravadas por Jairo? Que Ministros podem ter sido submetidos a ameaças
de denúncia e/ou constrangimento?
Gilmar colocou a mais alta Corte do país ao alcance de um bicheiro.
Um comentário:
Definitivamente acho que todos os podres que vieram à tona servirão para depurar tanto a política brasileira quanto a midia. Todo dia temos um escândalo novo que infelizmente não permite que o país siga um rumo de progresso, é preciso mudar muita coisa, foro privilegiado é uma delas, crime não deveria ser pretexto para CPI, crime deveria seguir o processo normal do judiciário. E, também é urgente que se faça uma Lei que regule os meios de comunicação, não censura, mas que esses meios respondam efetivamente pelos seus atos e que não fiquem com uma imagem difusa, que fica o dito pelo não dito.
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