O colonista (*) de muitos chapéus, no
Globo, na pág. 6, e na
Folha (**), na pág. A6, está enojado com a “vulgaridade” do Cabralzinho.
Este
ansioso blogueiro está enojado com outras coisas do Cabralzinho: com as
relações promíscuas com um empreiteiro, com um dos homens mais ricos do
mundo, e com a Fundação Roberto Marinho.
Como se sabe, Cabralzinho desviou dinheiro da enchente para dar à Fundação Roberto Marinho.
Cabralzinho parece padecer daquele mal que persegue o Aécio Never e o Farol de Alexandria: o Cabralzinho gosta de rico.
E, num homem público, isso é um perigo.
Mas, como diz o Vasco, o
colonista de muitos chapéus exibe sempre a máxima indignação com questões de mínima relevância.
No caso, a vulgaridade.
Como a do amigo dele, o Cerra, que limpa o nariz em público.
O
PiG (***) desta quarta-feira se diverte com a possibilidade de a CPI
pegar três governadores: um do PiG (***), o Perillo, e dois da Dilma (o
Agnelo e o Cabralzinho).
“Se tem três governdores suspeitos de
ligação com Cachoeira, que esclareçam tudo à CPI”, diz, na capa do
Estadão, esse luminar da oposição, o senador Álvaro Dias, que vazava
documentos da D Ruth para a Veja pegar a Dilma.
O
Conversa Afiada sugere empatar o jogo do ilustre senador, também guardião da moralidade udenista, como foi Demóstenes.
Que
o Tatto e o Odair, depois de convocar o “Quarteto da Maré Baixa” –
Robert(o) Murdoch Civita e os filhos do Roberto Marinho – eles não têm
nome próprio – chame dois ilustres representantes da oposição.
Eles são o Padim Pade Cerra e o Paulo Preto – que honram este ansioso blogueiro com ação judicial (
clique aqui para ler sobre as dezenas de ações que enriquecem a biografia deste ansioso blogueiro e não perca a “Galeria de Honra Daniel Dantas”. )
A
Delta locupletou-se em São Paulo nas águas turvas dos rios que cortam
São Paulo e que duas gerações de tucanos não conseguem limpar.
A Delta aditivou-se em São Paulo.
Paulo
Preto e Cerra, unidos desde a denúncia da Dilma, no primeira debate de
2010, estão prontinhos para sentar no trono da CPI, ao lado do Perillo,
do Agnelo e do Cabralzinho.
Dois de cada lado.
Foi o que anunciou este ansioso blogueiro –
“Delta operou com Cerra na marginal de SP”, e a Conceição Lemes demonstrou de forma impecável no
Viomundo:
por Conceição Lemes
Nesta semana começam
efetivamente os trabalhos da CPI que investigará as relações do bicheiro
Carlinhos Cachoeira com políticos, autoridades e empresários. Um dos
alvos, a Delta Construções, de Fernando Cavendish. Suspeita-se, com base
em informações da Operação Monte Carlo, realizada pela Polícia Federal
(PF), do envolvimento da empresa com Cachoeira.
No dia da instalação da CPI do
Cachoeira, 19 de abril, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), ao ser
questionado sobre os contratos da Delta com o Estado de São Paulo, disse
não estar preocupado com eles, segundo a Folha de S. Paulo: “Nem sei se
tem [contratos], se tem são ínfimos ”.
A verdade é outra. Levantamento
feito pelo blog Transparência SP revela que, de 2002 a 2011, a Delta
fechou pelo menos 27 contratos (incluindo participação em consórcios)
com empresas e órgãos públicos do governo do Estado de São Paulo.
Na lista de contratantes,
Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), Departamento de Estradas de
Rodagem (DER), Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), a
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Somam cerca de R$ 800
milhões em valores nominais. Em valores corrigidos (considerando a
inflação do período) chegam a R$ 943,2 milhões.
Desses R$ 943,2 milhões, R$ 178, 5
milhões foram celebrados nas gestões Alckmin (2002 a março de 2006 e de
janeiro de 2011 em diante) e R$ 764,8 milhões no governo de José Serra
(janeiro de 2007 a abril de 2010).
DERSA CONTRATOU DELTA PARA A NOVA MARGINAL DO TIETÊ POR R$ 415.078.940,59
O maior contrato da Delta com
órgãos e empresas do governo do Estado de São Paulo foi com a Dersa para
executar a ampliação da marginal do rio Tietê: R$ 415.078.940,59
(valores corrigidos)
Apesar de condenada por
ambientalistas, geólogos e urbanistas, a Nova Marginal do Tietê foi
anunciada em 4 de junho de 2009, com bumbos e fanfarras, pelo então
governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (hoje PSD, na
época DEM).
Na época, o portal do governo do
Estado de São Paulo informou: Investimento de R$ 1,3 bilhão prevê, além
de novas pontes e viadutos, plantio de cerca de 83 mil árvores e
implantação de ciclovia.
“irá o tempo das viagens em
cerca de 35%; “tráfego para as rodovias Castelo Branco, Ayrton Senna,
Dutra, Fernão Dias, Anhanguera e Bandeirantes terá fluxo mais rápido”;
junto com o Rodoanel e o Complexo Anhanguera, a Nova Marginal pretende
aliviar o trânsito nas principais interligações de bairros de São Paulo e
evitar o trânsito de veículos de passagem por bairros e o centro da
cidade”.
Serra ainda afirmou:
“É uma obra que é financiada
com recursos do Tesouro e com dinheiro público das concessionárias, que é
dinheiro do pedágio, segundo projeto e orientação do próprio Governo”.
”é uma obra que está tendo
todo o cuidado ecológico, o que não é tradição em São Paulo, pois as
obras e a devastação andavam de mãos dadas, mas isso acabou nos tempos
atuais”.
A obra tinha dois lotes: 1 e 2.
A concorrência do chamado lote 2 foi vencido pelo consórcio Nova Tietê,
liderado pela Delta (participação de 75% a 80%).
Extrato do contrato assinado em
13 de maio de 2009 e publicado no dia seguinte no Diário Oficial
Empresarial revela o valor da obra: R$ 287.224.552,79.
PAULO PRETO E DELSON AMADOR ASSINAM O CONTRATO PELA DERSA COM A DELTA
O consórcio da Delta venceu a
licitação para o lote 2 da Nova Marginal do Tietê com uma diferença de
R$ 2,4 milhões em relação ao segundo colocado, o Consórcio
Desenvolvimento Viário (EIT – Empresa Industrial Técnica S/A — e Egesa
Engenharia), que, por sinal, ganhou o lote 1.
Curiosamente 1: 1 ano 4 meses depois, o consórcio da Delta conseguiu um “aditamentozinho” de R$ 71.622.948,47 no contrato.
Curiosamente 2: Na época da
licitação, Paulo Vieira de Souza era diretor de Engenharia da Dersa, e
seu presidente Delson José Amador, que acumulava a superintendência do
DER.
Paulo Vieira de Souza é o Paulo
Preto, ou Negão, como é mais conhecido. Até abril de 2010 foi diretor
da Dersa. Com uma extensa folha de serviços prestados ao PSDB, foi
apontado como arrecadador do partido e acusado pelos próprios tucanos de
sumir com R$ 4 milhões que seriam destinados à campanha do então
presidencial José Serra. O dinheiro teria sido levantado principalmente
junto a empreiteiras com as quais ele possuía relações estreitas.
O nome de Paulo Preto apareceu
ainda na investigação feita pela Polícia Federal que resultou na
Operação Castelo de Areia. Na ação, executivos da construtora Camargo
Corrêa são acusados de comandar um esquema de propinas em obras
públicas.
Delson Amador também apareceu
na Operação Castelo de Areia. Assim como Paulo Preto, seu nome constava
da apreendida pela Polícia Federal na Camargo Corrêa.
Em 1997, durante a presidência
de Andrea Matarazzo, Amador virou diretor da Cesp. Aí, foi responsável
pela fiscalização de obras tocadas pela Camargo Corrêa, como a Usina de
Porto Primavera, e a Ponte Pauliceia, construída sobre o Rio Paraná para
ligar os municípios de Pauliceia, em São Paulo, e Brasilândia, em Mato
Grosso do Sul. Amador foi ainda chefe de gabinete de Matarazzo na
subprefeitura da Sé.
HERALDO, O FORAGIDO, É QUEM ASSINOU PELA DELTA O CONTRATO DA NOVA MARGINAL
Curiosamente 3: Certidão
emitida pela Junta Comercial de São Paulo mostra que o representante
legal do Consórcio Nova Tietê é Heraldo Puccini Neto, diretor da Delta
Construções para São Paulo e Sul do Brasil.
Escutas realizadas com
autorização judicial revelam que é um dos interlocutores mais próximos
de Cachoeira. Documentos disponibilizados na internet referentes ao
processo contra Carlinhos Cahoeira no Supremo Tribunal Federal (STF)
mostram a proximidade de Heraldo com o bicheiro e como a quadrilha
preparava editais para ganhar licitações.
É possível que esse mesmo modus
operandi tenha sido aplicado pela Delta em várias licitações como as
feitas pelo governo do Estado de São Paulo.
Heraldo teve a prisão decretada
pela Justiça Federal na semana passada. Foi a partir de investigações
realizadas no âmbito da Operação Saint Michel, braço da Monte Carlo.
Um grupo de policiais civis de
Brasília chegou às 6 horas da última quarta-feira 25 ao apartamento
dele, no Morumbi, em São Paulo. Heraldo não estava nem foi localizado
pela polícia. É considerado foragido da Justiça.
Curiosamente 4: Num despacho de
setembro de 2011 do Tribunal de Contas de São Paulo (TCE-SP) referente
ao contrato da Nova Marginal, aparecem juntos Paulo Preto, Delson Amador
e Heraldo Puccini Neto. Os dois primeiros como contratantes. O último
como contratado.
DEPUTADOS PEDEM AO MP QUE APURE INDÍCIOS DE IRREGULARIDADES
A essa altura algumas perguntas são inevitáveis:
1. Considerando que o senador
Demóstenes Torres é sócio oculto da Delta e apoiou José Serra em 2010,
será que dinheiro da Nova Marginal do Tietê irrigou a campanha do tucano
à presidência?
2. Entre os R$ 4 milhões que
teriam sido arrecadados por Paulo Preto e não entregues ao PSDB, haveria
alguma contribuição da Delta?
3. Paulo Preto ou Delson Amador teve algum contato direto com Cachoeira?
Na sexta-feira 27,
parlamentares paulistas protocolaram representação no Ministério Público
Estadual de São Paulo (MPE-SP) para que investigue indícios de
irregularidades, ilegalidades e improbidades nos contratos formalizados
pela Dersa com empresas e consórcios, entre os quais o Consórcio Nova
Tietê, capitaneado pela Delta.
Encabeçada pelo deputado
estadual João Paulo Rillo e assinada por Adriano Diogo, ambos do PT-SP, a
representação pede que o MP apure possíveis atos de improbidade
administrativa praticados por José Serra, Paulo Preto e Delson Amador,
diante de sinais de superfaturamento das obras de ampliação da Marginal
Tietê.
A propósito. Lembram-se que, em
2009, durante o lançamento da Nova Tietê, José Serra disse: “é uma obra
que está tendo todo o cuidado ecológico, o que não é tradição em São
Paulo, pois as obras e a devastação andavam de mãos dadas, mas isso
acabou nos tempos atuais”?
Na ocasião, a propaganda do
governo estadual indicava que as pistas seriam cercadas por frondosas
árvores e arbustos. E a secretária de Saneamento e Energia, Dilma Pena
(atualmente preside a Sabesp), ressaltou a importância de recuperar o
espaço das margens do Tietê com uma via parque, uma ciclovia e o plantio
de 65 mil mudas.
Pois bem, dois anos após o término
das obras, a marginal Tietê ainda está à espera das 65 mil mudas que
deveriam ter sido plantadas pelo governo paulista como compensação
ambiental, em 2010. Ainda árvores morreram ou não se desenvolveram no
solo árido das margens do rio. A falta de árvores foi conStatada em
perícia realizada pelo Sindicato dos Arquitetos. A entidade move ação
civil pública contra a Dersa, que, como responsável pela obra, é
obrigada a repor cerca de 30% dos espécimes.
Será que a Nova Marginal do Tietê, além de mãos dadas com a devastação, também se banhou na cachoeira preta?
Falta o Cavendish da Delta. Ele não foi à festa ?
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CONVERSA AFIADA.
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