Procurador-geral usa escutas de 2009 contra senador
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O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, usou 22 gravações
telefônicas da Operação Vegas, de 2009, no pedido de abertura de
inquérito contra o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) entregue no dia
27 de março deste ano ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Em depoimento à CPI do Cachoeira, o delegado Raul Alexandre de Souza, da
Polícia Federal, disse na terça-feira (8) que a Procuradoria paralisou
as investigações após receber os autos que citavam o senador, em
setembro de 2009.
A bancada governista na CPI cobra Gurgel por não ter aberto inquérito
contra Demóstenes na época e tenta levá-lo a se explicar na CPI.
Ao receber as primeiras críticas, no fim de abril, o procurador afirmou
em nota que o material da Vegas não era suficiente para pedir
investigação contra Demóstenes.
Argumentou ainda que o material de 2009 ficou "suspenso" até a chegada
da Operação Monte Carlo --iniciada um ano e dois meses depois, em
novembro de 2010, e deflagrada em fevereiro de 2012.
No pedido ao STF, Gurgel incluiu, além do material descoberto na Monte
Carlo, 22 diálogos gravados em 2009 entre Demóstenes e Cachoeira para
ajudar a embasar o documento. "Desde então, o senador Demóstenes Torres
buscava atender com presteza os pleitos de Carlos Cachoeira", afirmou o
procurador.
Entre essas gravações de 2009, estão aquela em que Demóstenes pede a
Cachoeira para pagar R$ 3.000 em aluguel de táxi-aéreo, a conversa para
nomear servidores no Senado a pedido do empresário e a discussão sobre
legalização dos bingos.
Gurgel menciona ainda uma gravação de 4 de abril de 2009 em que o
senador, "atendendo a pedido de Carlos Cachoeira", pediu a um
desembargador de Goiás para "agilizar o trâmite de um processo" que o
interessava.
No pedido ao STF, o procurador manteve a interpretação de que os
diálogos não eram suficientes para abrir investigação criminal. Disse,
porém, que a relação entre Demóstenes e Cachoeira já ultrapassava os
limites éticos.
"Muito embora não mostrassem fatos que pudessem ser enquadrados em um
tipo penal para efeito de autorizar a imediata instauração de inquérito,
já revelavam que os vínculos entre eles extrapolavam a ética exigida de
um parlamentar", sustentou.
A assessoria de Gurgel disse ontem que não há contradição por parte dele
ao usar a transcrição de 22 gravações que recebeu em 2009.
"O material da Vegas sozinho não trazia elementos, mas juntamente com o
material que recebeu oriundo da Monte Carlo formou-se o entendimento e
portanto encaminhou-se o pedido de abertura de inquérito no STF."Folha
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