Imagino a alegria de tantos
garotos quando tiveram a notícia de que o Brasil iria – finalmente – sediar a
Copa do Mundo de Futebol.
É possível abstrair-se e “ver neles o desejo de ter
uma oportunidade”. O futebol além de esporte é realmente uma oportunidade que
baseada nos fundamentos de inteligência, talento e dedicação pode abrir portas
para alguns. Como esporte pode desenvolver a cultura do corpo, aliada um
processo pedagógico mais amplo capaz de permitir a formação para a cidadania.
Imagino a alegria de tantos garotos quando tiveram a notícia de que Cuiabá seria uma das subsedes da Copa do Mundo. De repente haveria projetos de recuperação de mini-estádios, ginásios e quadras esportivas que dotados de programas estariam construindo bases para que a oportunidade no esporte e formação para o exercício da cidadania.
Hoje não é preciso imaginar. Os projetos esportivos que existem são pagos, com raras exceções. Os grandes investimentos para a Copa serão terceirizados e a sociedade não terá acesso, senão através de mensalidade ou ingresso pago. Aqueles meninos que sonharam com a Copa estão preocupados com o seu destino. Falam em desocupação da área onde estão suas moradias. Onde estão fincadas as suas relações sociais. A alegria virou incerteza.
Hoje não é preciso imaginar.
A oportunidade não virá. Muitos não terão como ir aos jogos. Começam a sentir a
sensação de quem empresta a casa e não é convidado para a festa.
A falácia do legado da Copa diz que serão resolvidos problemas históricos de Cuiabá: transporte, saúde e segurança. Os investimentos seriam tantos que ocasionaram um boom do turismo. Estamos a pouco tempo da Copa e a sociedade ainda não sentiram os benefícios, isto porque optaram pelo turismo de massa. Por outro lado, os relegados da Copa já começam a sentir o preço do custo de vida através de aumentos no aluguel da moradia, do IPTU e assim, sucessivamente uma série de serviços essenciais tendem infalivelmente a serem majorados.
Vamos jogar bola, mas,
precisamos ser inteligentes. É só um jogo, uma competição e tão logo passem a
vida continua. O que vai ser depois da Copa? Como estará a situação de
endividamento do Estado? Ou alguém
acredita que esse dinheiro que está sendo investido não precisa ser pago?
Vamos jogar bola. É preciso assumir o jogo. Conhecer as regras, o tempo e quem está apitando. Vamos garotos, está na hora de entrarem no jogo, ainda que não seja aquele que gostariam, mas é aquele que lhe possibilitará se tornar cidadão de fato e de direito. Vamos jogar bola, afinal um time de re-legados pode ser inteligente e mudar a história desse jogo. Ainda há tempo antes do apito final.
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