Posted by eduguim on 10/05/12 • Categorized as Análise
Os Estados Unidos, por exemplo, inventam que um país milenar do Oriente possui “armas de destruição em massa”, mesmo que só tenha o petróleo de que a potência precisa, e, assim, invadem-no, matam populações civis como moscas e continuam posando como nação de super-heróis.
Aqui na América do Sul, uma casta de vigaristas depõe um presidente legitimamente eleito, fecha o congresso e, depois que o golpe fracassa, acusa o presidente reconduzido ao poder pelo povo de ser “ditador” apesar de suas vitórias eleitorais serem inquestionáveis.
Perto disso tudo, pode parecer menos grave a hipocrisia e a desfaçatez que imperam no país, mas nem tanto. Nas últimas vinte e quatro horas pudemos ver que não fazemos feio em disputas desse tipo. Basta ver o show humorístico do mais fidedigno sósia do humorista Jô Soares já encontrado.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deu sentido ao termo caradurismo. Como tem sido amplamente veiculado, ele teve nas mãos todos os indícios de que Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres dirigiam uma organização criminosa e sentou em cima das provas.
Por conta disso, a CPMI do Cachoeira quer convocá-lo a depor para explicar por que agiu assim. O movimento por sua convocação cresce entre governistas e oposicionistas. Mas foi só após o depoimento do delegado da Polícia Federal Raul Souza na última terça-feira que esse sentimento cresceu.
O delegado deixou claro que o procurador-geral da República poderia ter agido há quase três anos contra Cachoeira e companhia limitada e nada fez. A ele se juntaram oposicionistas como o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). E, claro, os membros governistas da CPMI.
Só para ilustrar o caso, Lorenzoni, do De-mo-cra-tas, declarou que “Ele [Gurgel] está sem defesa” porque “Estava com a bomba atômica na mão [relatório contra Demóstenes] e nada fez”.
Isso não impediu que o humorista mor da República declarasse que os que querem convocá-lo a se explicar agem assim porque estariam “com medo” de sua atuação no inquérito do mensalão, como se Randolfe ou Lorenzoni estivessem envolvidos no caso.
Para que refletir que confrontá-lo obviamente seria o caminho mais curto para enfurecê-lo, gerando o risco de uma vingança de sua parte na condução do processo?
Alguns dirão que pior ainda é a mídia dizer que a Veja não fazia parte do esquema Cachoeira apesar de as escutas da PF mostrarem o contrário, ou seja, que o bando a usava, por exemplo, para derrubar funcionários do governo que atrapalhavam a construtora Delta e, em troca, o contraventor municiava a publicação com denúncias contra o mesmo governo.
Pois eu digo que o quadro humorístico de Gurgel é ainda mais hilariante. Os políticos e a imprensa fazem jogo político, não se espera desses atores a postura que se espera do chefe de uma instituição como o MPF, alguém que tem por dever constitucional fazer exatamente o contrário do que fez.
Jô Soares já pode até tirar umas férias e colocar Gurgel em seu lugar que, muito provavelmente, ninguém notará a diferença. Talvez até achem o procurador-geral mais engraçado.
Do Blog da Cidadania.
Se tivesse que definir o Zeitgeist (clima intelectual e cultural do
mundo em uma determinada época) de nosso tempo, diria que vivemos a era
da hipocrisia e da desfaçatez. E tal fenômeno não é afeito só ao Brasil,
mas ao mundo, à época em que vivemos.
Os Estados Unidos, por exemplo, inventam que um país milenar do Oriente possui “armas de destruição em massa”, mesmo que só tenha o petróleo de que a potência precisa, e, assim, invadem-no, matam populações civis como moscas e continuam posando como nação de super-heróis.
Aqui na América do Sul, uma casta de vigaristas depõe um presidente legitimamente eleito, fecha o congresso e, depois que o golpe fracassa, acusa o presidente reconduzido ao poder pelo povo de ser “ditador” apesar de suas vitórias eleitorais serem inquestionáveis.
Perto disso tudo, pode parecer menos grave a hipocrisia e a desfaçatez que imperam no país, mas nem tanto. Nas últimas vinte e quatro horas pudemos ver que não fazemos feio em disputas desse tipo. Basta ver o show humorístico do mais fidedigno sósia do humorista Jô Soares já encontrado.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deu sentido ao termo caradurismo. Como tem sido amplamente veiculado, ele teve nas mãos todos os indícios de que Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres dirigiam uma organização criminosa e sentou em cima das provas.
Por conta disso, a CPMI do Cachoeira quer convocá-lo a depor para explicar por que agiu assim. O movimento por sua convocação cresce entre governistas e oposicionistas. Mas foi só após o depoimento do delegado da Polícia Federal Raul Souza na última terça-feira que esse sentimento cresceu.
O delegado deixou claro que o procurador-geral da República poderia ter agido há quase três anos contra Cachoeira e companhia limitada e nada fez. A ele se juntaram oposicionistas como o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). E, claro, os membros governistas da CPMI.
Só para ilustrar o caso, Lorenzoni, do De-mo-cra-tas, declarou que “Ele [Gurgel] está sem defesa” porque “Estava com a bomba atômica na mão [relatório contra Demóstenes] e nada fez”.
Isso não impediu que o humorista mor da República declarasse que os que querem convocá-lo a se explicar agem assim porque estariam “com medo” de sua atuação no inquérito do mensalão, como se Randolfe ou Lorenzoni estivessem envolvidos no caso.
Para que refletir que confrontá-lo obviamente seria o caminho mais curto para enfurecê-lo, gerando o risco de uma vingança de sua parte na condução do processo?
Alguns dirão que pior ainda é a mídia dizer que a Veja não fazia parte do esquema Cachoeira apesar de as escutas da PF mostrarem o contrário, ou seja, que o bando a usava, por exemplo, para derrubar funcionários do governo que atrapalhavam a construtora Delta e, em troca, o contraventor municiava a publicação com denúncias contra o mesmo governo.
Pois eu digo que o quadro humorístico de Gurgel é ainda mais hilariante. Os políticos e a imprensa fazem jogo político, não se espera desses atores a postura que se espera do chefe de uma instituição como o MPF, alguém que tem por dever constitucional fazer exatamente o contrário do que fez.
Jô Soares já pode até tirar umas férias e colocar Gurgel em seu lugar que, muito provavelmente, ninguém notará a diferença. Talvez até achem o procurador-geral mais engraçado.
Do Blog da Cidadania.
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