Adele |
Londres está ansiosa. A Inglaterra está ansiosa. A Europa está ansiosa. O mundo está ansioso.
Tudo isso por causa do vazamento, hoje, de um trecho da música que Adele fez para Skyfall, o próximo James Bond.
As vitrines da Harrods amanheceram decoradas com o tema de 007 – kitsch grau máximo, como tudo naquela loja.
Vou tentar compartilhar com vocês. Não sei se vou conseguir. Muita gente
está postando a música no Youtube, e os vídeos vão sendo retirados
pelos zeladores dos direitos autorais. Vou tentar, de toda forma. No pé
deste artigo, colocarei o vídeo que estou vendo agora. Se ele tiver
removido, basta pesquisar no Youtube – Adele Skyfall – que algum vídeo
haverá de estar no ar.
A música é a cara de Adele. É uma canção gorducha, quero dizer.
Melódica, doce, com ar de anos 60, o que é bem apropriado quando se
trata de um Bond. James Bond.
Adele é a Amy Winehouse que, em vez de beber e se drogar, comeu doce ou
muita gordura, talvez as duas coisas juntas com mais carboidrato. O
talento é parecido: um ecletismo que permitiu a ambas cantar e, mais que
isso, compor.
As duas se inspiraram no passado, no soul americano, nas divas negras
que alisavam os cabelos, punham vestidos justos e enfeitiçavam até
brancos racistas com o corpo escultural e a voz única, nascida de quem
sofreu preconceitos e humilhações raciais por muito tempo.
A diferença é que Amy, tatuada, despenteada, descontrolada, representou o
lado desleixado e autodestrutivo das grandes cantoras do passado, como
Billie Holiday, morta jovem e na miséria de tanto se drogar. Amy, ao
menos para mim, é mais cansativa. Sua voz às vezes soa como a de um
carneiro faminto.
Adele não. Ela se veste com apuro, está sempre maquiada, seu rosto é rosado nas bochechas balofas.
Adele, se fosse mais magra, poderia ser até uma Bond girl. Amy só poderia ser Lisbeth Salander no cinema.
Ouvi a música três vezes. É o bastante. Não vou baixar. E não vou ver o
filme, porque James Bond é chato pra caramba – nem Sean Connery
conseguiu salvar
No Diário do Centro do Mundo
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