Dizer quais os
vetos e quando o Congresso Nacional deve votar é claramente uma afronta a
Constituição Federal. O Ministro Luiz Fux viola a Constituição e fere
de morte a Democracia
Amauri Teixeira - Brasil 247
"Xô xuá", diria o sambista baiano Riachão contra a invasão do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso dos vetos da presidente Dilma Rousseff ao projeto que muda a distribuição dos royalties do petróleo no país. A liminar do ministro Luiz Fux - que suspende a votação no Congresso Nacional - é irresponsável. Ela põe em risco as bases das instituições republicanas do país. E pior. Pode desencadear um arriscado clima dantesco, ao bloquear as atividades do legislativo a partir de uma decisão monocrática.
"Xô xuá", diria o sambista baiano Riachão contra a invasão do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso dos vetos da presidente Dilma Rousseff ao projeto que muda a distribuição dos royalties do petróleo no país. A liminar do ministro Luiz Fux - que suspende a votação no Congresso Nacional - é irresponsável. Ela põe em risco as bases das instituições republicanas do país. E pior. Pode desencadear um arriscado clima dantesco, ao bloquear as atividades do legislativo a partir de uma decisão monocrática.
Um dos princípios democráticos de direito é o da separação de poderes e
em função desse princípio um poder não interfere nos assuntos internos
dos outros poderes. E dizer quais os vetos e quando o Congresso Nacional
deve votar é claramente uma afronta a Constituição Federal. O Ministro
Luiz Fux viola a Constituição e fere de morte a Democracia.
O supremo insinua a incompetência de um poder e procura engessar
juridicamente o papel do legislativo, dando vazão a uma queda de braço
sem precedentes para a imatura democracia brasileira. A insegurança
jurídica provocada justamente pela Corte responsável pela estabilidade
dos poderes dar a entender nas entrelinhas que o episódio não é um mero
mal-entendido entre o Congresso e o STF.
As sucessivas incursões dos ministros junto aos veículos de comunicação,
a dispensa de formalidades no tratamento de assuntos de interesse
nacional, como a cassação de mandatos legislativos, acrescentando-se o
ambiente inquisitório e popularesco que contorna atualmente o cenário
das sessões do STF, são constatações que destoam de maneira temerária
com a imagem moderada e imparcial que todos esperam desta Corte.
A tentativa de pôr um poder de joelhos diante de outro não corrobora com
a manutenção das instituições republicanas. Supor – inclusive – que o
Congresso Nacional é "terra sem lei", como induziu o ministro Marco
Aurélio só incita ainda mais o clima de disputa entre o Congresso e a
Corte, assim como, a leitura equivocada de que o caráter supremo do
tribunal lhe cacifa com poderes e atributos superiores ao do Congresso
Nacional. Não, não é assim que a republica funciona. Cada poder, cada
instituição existe para garantir a manutenção da soberania da democracia
sobre todas as coisas, inclusive, a constituição.
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