Para colunista, petistas levaram a melhor em primeiro duelo direto pela presidência de 2014: "a fala de Dilma foi em São Paulo, com Lula, o PT e os aliados. A de Aécio foi em Brasília e isolada"
247 – De um lado, Dilma Rousseff com todos os holofotes possíveis pelos
10 anos de governo do PT. Do outro, Aécio Neves no Senado, com plateia
apagada. Para a colunista Eliane Cantanhêde, no primeiro duelo direto
pela presidência de 2014, o PT e seu "marketing impecável" levaram a
melhor. Leia o artigo publicado na Folha:
'Apenas um começo'
BRASÍLIA
- Cercada pelo PMDB (Temer, Renan e Henrique Alves), e isso certamente
não foi por acaso, Dilma Rousseff lançou o slogan de sua campanha à
reeleição ao anunciar, na terça, mais uma ampliação do Bolsa Família: "O
fim da miséria é apenas um começo".
Com essa única frase, brilhante síntese de política e marketing, ela
definiu o eixo da sua estratégia para manter a cadeira no Planalto.
Desde o fim da ditadura militar, em 1985, o Brasil vem construindo
coletivamente -apesar dos sucessivos protagonistas- os seus principais
pilares: democracia, estabilidade econômica e inclusão social.
Dilma (ou seria João Santana?) sabe que a inclusão, marca da campanha de
2010, pode já não dar para o gasto em 2014. Por isso, avisa que acabar
com a miséria é "apenas um começo" e deixa implícito o recado: falta
muito e é importante que ela continue o trabalho "do povo, para o povo,
pelo povo", como firmou a cartilha lançada pelo PT ontem.
O discurso de Dilma está pronto. O resto, Lula, o PT e o mesmo Santana
fazem. E eles sabem fazer, como se viu pela organização da festança em
São Paulo pelos 33 anos do partido e os dez de poder, com o mito Lula, a
candidata Dilma e comparações convenientes com o adversário que eles,
talvez equivocada ou precipitadamente, sempre veem pela frente: o PSDB.
O tucano Aécio Neves foi obrigado a sair da toca e ler um discurso
incisivo no plenário do Senado, alfinetando as contradições do PT,
recriminando comparações de "conjunturas diversas" e apontando 13
"fracassos" do governo Dilma.
É assim que as campanhas presidenciais começam cada vez mais cedo, agora
com mais de ano e meio de antecedência e com uma diferença monumental
-de recursos, de exércitos, de tropas e de repercussão.
A fala de Dilma foi em São Paulo, com Lula, o PT, os aliados e,
repetindo, um marketing impecável. A de Aécio foi em Brasília e isolada.
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