Carta Maior -18/05/2013
Emir Sader

Na Argentina, sua viagem tinha um sentido particular, porque lá ele era festejado por todos – da direita à esquerda –, sempre com uns usando-o contra outros. A direita usava sua imagem – assim como a da Dilma – como de governos que se contrapunham ao da Cristina, por serem governos que não buscariam o enfrentamento com a oposição, nem a radicalização nas medidas que tomam.
Já há algum tempo, incomodado com essa reivindicação da própria direita dos governos brasileiros, FHC tentou desfazer esse mal-entendido, buscando dizer que os governos Lula e Dilma seriam tão ruins como os do Kirchner. Mas não foi ouvido. Não tem o que oferecer a uma oposição tão perdida quanto a brasileira.
Os que reivindicavam o Lula contra a Cristina se sentiram particularmente decepcionados, logo que Lula começou a se pronunciar, sem ambiguidades, manifestando seu apoio total e identificação com o governo da Cristina. Especial mal-estar causaram as afirmações de Lula de comparar o “exílio interno” da mídia lá como aqui, desconhecendo os países reais.
Esse mal-estar na direita se manifestou na cobertura da imprensa, que logo minguou nos órgãos da velha mídia, para ficar praticamente restrito à imprensa de esquerda, que abriu enormes espaços para todas as atividades do Lula.
Desde que saiu o livro “10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil – Lula e Dilma” (Ed. Boitempo, 2013), que eu coordenei, Lula teve generosos gestos para a difusão do livro, ao chamar a atenção sobre ele e ao apoiar a ideia de que os argentinos tomem iniciativa similar, “não deixando que os inimigos falem dos nossos governos”. As fotos da Cristina recebendo o livro de Lula ajudaram muito sua difusão. ‘Página 12’ publicou um estrato da entrevista feita para o livro, contribuindo também para o conhecimento do balanço que o Lula faz do seu governo.
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