Quem é o missionário canadense que trouxe a Teologia da Prosperidade ao Brasil.
Walter Robert McAlister |
Edir Macedo, Marco Feliciano e Silas Malafaia não se inventaram
sozinhos. Eles pertencem a uma linhagem. Se você tiver de culpar alguém,
pense num missionário canadense chamado Walter Robert McAlister, que
trouxe a Teologia da Prosperidade ao Brasil e pode ser definido como o
pai espiritual desses meninos.
De uma família evangélica, McAlister foi pregar nas Filipinas, Hong
Kong e Índia. Em 1959, veio parar aqui. Morou em São Paulo e, em
seguida, no Rio, onde se estabeleceu. Seguidor da Teologia da
Prosperidade americana, especialmente do pioneiro televangelista Oral
Roberts, logo viu uma oportunidade de se fazer notado no rádio. Em 1960,
ganhou um programa chamado Voz da Nova Vida na Copacabana. Pouco
depois comprou a Rádio Relógio, uma das primeiras emissoras evangélicas
do Brasil.
Em 1961, deu forma ao culto que até hoje é praticado pelas agremiações
evangélicas desse gênero: louvor, oferta, mensagem, oração e
testemunho. Uma vez por ano, reunia seus fieis no Maracanãzinho. Como
era inevitável, acabou na televisão, apresentando o show “Coisas da
Vida”, na Tupi. Virou o “Bispo Roberto”. A Igreja de Nova Vida era um
fenômeno.
Em busca de almas, McAlister atacava pesadamente a umbanda, o candomblé
e demais religiões afro-brasileiras (a célebre maldição do Feliciano
sobre a África não apareceu do nada). Espíritos do mal causavam doença,
vício, pobreza, homossexualismo e adultério. Lançou um livro sobre uma
suposta história de conversão de uma mãe de santo, libertada pelo
“espírito santo”. Um de seus funcionários mais talentosos era um rapaz
de 19 anos, Edir Macedo. Nos anos 70, Edir cresceu na foto, rompeu com o
mentor e fundou a Cruzada do Caminho Eterno, embrião da Universal.
O canadense ainda veria o crescimento voraz da IURD, batendo na mesma
tecla da possessão demoníaca, do exorcismo e do dízimo. No início dos
anos 80, talvez incomodado com a ascensão do ex-pupilo Edir, McAlister
parou de pregar na TV, dizendo que ela “criava monstros”. Já era tarde
demais.
McAlister morreu em 1993, do coração. Não deu tempo de testemunhar o
surgimento de gigantes como a Internacional da Graça de Deus, Comunidade
Evangélica Sara Nossa Terra, Renascer em Cristo, entre outras – e nem a
chegada de um legítimo representante da Teologia da Prosperidade à
presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, o
nosso querido Feliciano.
Koki NogueiraNo DCM
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