"(...) pensem se não é hora de dizer não.
Perguntem aos colegas se não é o caso de procurar coletivamente a
direção para negociarem um pacto. O que vocês precisam é fazer apenas o
bom e velho jornalismo que sabem, sem ingerências, sem controle, sem
manipulação. Afinal, vocês vendem a eles apenas sua força de trabalho,
não aquilo em que vocês acreditam e que pode sim transformar o mundo num
mundo melhor para todos."
Carta Aberta aos Colegas da Globo
Marco Aurélio Mello - DoLaDoDeLa - 11/07/2013
Caros Colegas,
Conheço a maioria de vocês e dou meu testemunho da dureza que é trabalhar como jornalista na TV Globo. Já fui um de vocês por 12 anos, por isso falo de cátedra. Acordamos cedo, às vezes cedo demais, dormimos tarde, quase sempre tarde demais e passamos o dia todo conectados. Cobram de nós que tenhamos lido tudo e visto todos os programas da emissora, inclusive os de entretenimento.
Muitos só conhecem a escala do dia seguinte na noite anterior. Muitos têm um rádio Nextel apitando em nossas orelhas dia e noite. E muitos mais ficam on line pelo exchange, mesmo estando em casa, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Parece propaganda de caixa eletrônico, não é?
Nossas famílias vivem em função da nossa escala e das nossas "conquistas". Somos mal remunerados, muito mal a propósito. Pagam para um repórter inciante a aviltante quantia de R$ 3,5 mil brutos. Aos editores um pouco menos e os produtores, rádio-escutas, operadores e estagiários é melhor eu nem falar. Os chefes te dizem com a maior cara lavada que, para o seu posto de trabalho, tem 20 na porta esperando, sujeitos a ganhar a metade. Veja que triste efeito da Oligopolização.
Há uma pequena "casta", cada vez mais restrita, composta pelos figurões, que chegam a faturar uns R$ 50 mil cada, mas são poucos, muito poucos. Como levam vida de bacana, inspiram muitos a continuarem transpirando, na esperança de um dia alcançarem o Olimpo. A maior parte deles, infelizmente, é apenas uma representação simbólica daquilo que as pessoas acham que eles são, heróis, meio homens, meio deuses, portanto imortais. Como não existe almoço grátis, são todos pessoas jurídicas, ou seja, colegas do dono, já que também ostentam a condição de patrões.
Conheço a maioria de vocês e dou meu testemunho da dureza que é trabalhar como jornalista na TV Globo. Já fui um de vocês por 12 anos, por isso falo de cátedra. Acordamos cedo, às vezes cedo demais, dormimos tarde, quase sempre tarde demais e passamos o dia todo conectados. Cobram de nós que tenhamos lido tudo e visto todos os programas da emissora, inclusive os de entretenimento.
Muitos só conhecem a escala do dia seguinte na noite anterior. Muitos têm um rádio Nextel apitando em nossas orelhas dia e noite. E muitos mais ficam on line pelo exchange, mesmo estando em casa, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Parece propaganda de caixa eletrônico, não é?
Nossas famílias vivem em função da nossa escala e das nossas "conquistas". Somos mal remunerados, muito mal a propósito. Pagam para um repórter inciante a aviltante quantia de R$ 3,5 mil brutos. Aos editores um pouco menos e os produtores, rádio-escutas, operadores e estagiários é melhor eu nem falar. Os chefes te dizem com a maior cara lavada que, para o seu posto de trabalho, tem 20 na porta esperando, sujeitos a ganhar a metade. Veja que triste efeito da Oligopolização.
Há uma pequena "casta", cada vez mais restrita, composta pelos figurões, que chegam a faturar uns R$ 50 mil cada, mas são poucos, muito poucos. Como levam vida de bacana, inspiram muitos a continuarem transpirando, na esperança de um dia alcançarem o Olimpo. A maior parte deles, infelizmente, é apenas uma representação simbólica daquilo que as pessoas acham que eles são, heróis, meio homens, meio deuses, portanto imortais. Como não existe almoço grátis, são todos pessoas jurídicas, ou seja, colegas do dono, já que também ostentam a condição de patrões.
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