“Organizações e lideranças progressistas
não podem se omitir nas jornadas da próxima 5ª feira, dia 11. Para além
das justas reivindicações corporativas e setoriais, cabe-lhes repor a moldura
política da disputa em curso no país. Um ciclo de crescimento se esgota;
outro terá que ser construído. Vivemos um aquecimento: 2014 será o pontapé
oficial. Vulgarizadores do credo neoliberal celebram: com as multidões
nas ruas, é a tempestade perfeita. Em termos. Se acertam no
varejo, trombam no essencial: o que anda para frente não se
confunde com um cortejo empenhado em ir para trás.
O que as ruas reclamam não cabe no credo
regressivo: reforma política, mais democracia, mais investimento público, mais
planejamento urbano e mais liberdade de expressão. O fato de a revista
‘Veja' ter recorrido ao rudimentar expediente de falsear um ‘líder biônico dos
protestos' diz muito da dificuldade em acomodar os anseios das multidões
nos limites do ideário que vocaliza. A narrativa ortodoxa sempre
desdenhou da dinâmica vigorosa embutida no degelo social registrado na
última década. Ou isso, ou aquilo. Ou se reconhece os novos aceleradores
sociais do desenvolvimento ou o alarde dos seus gargalos é
descabido. Ambos são reais. Há um deslocamento social em marcha que se pretende
barrar com a falsificação de multidões retrógradas. No dia 11, o Brasil deve
expressar sua diversidade. Mas, sobretudo, emoldura-la em uma
agenda comum emancipadora. Para libertar a rua do sequestro conservador.”
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