WASHINGTON
- O real é uma das cinco moedas de países emergentes com potencial para
se internacionalizar, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI), em
estudo preparado pelo seu corpo técnico e divulgado nesta quarta-feira.
Além
do Brasil, os outros países que compõem o grupo dos Brics têm chances
de internacionalizar as suas moedas, incluindo China, Rússia, Índia e
África do Sul. Mas o real provavelmente será uma moeda regional e um
ativo de reserva, a exemplo do dólar australiano. Já o yuan da China
pode ter papel global, aponta o FMI.
“No
longo prazo, as moedas dos países emergentes mostram potencial para
atingir um papel mais amplo no uso internacional, similar ao de
economias avançadas”, afirma o estudo do FMI.
Na
definição usada pelo FMI, internacionalização de uma moeda significa o
seu uso fora das fronteiras do país que a emite, incluindo a compra de
bens, serviços e uso como ativos financeiros em transações entre não
residentes. Hoje, a principal moeda internacional é o dólar dos Estados
Unidos. Também têm papel relevante o euro, o iene do Japão e a libra,
além de moedas de outros países desenvolvidos, como da Suíça e Canadá.
O
FMI analisou os fatores que, no último século, determinaram a
internacionalização de moedas de países como o dólar americano, o iene e
o marco alemão. Os mais importantes são o tamanho da economia, a rede
de comércio internacional do país, o aprofundamento e liquidez do
mercado financeiro local e a estabilidade e convertibilidade de cada
moeda. Os países emergentes têm avançado bastante nesses quesitos nos
últimos anos.
Nos casos dos
países que compõem os Brics, afirma o FMI, existem evidências de seu
maior uso no cenário internacional. “Por exemplo, o uso do real em
derivativos no exterior aumentou 50% [nos anos recentes], dobrou para a
rúpia indiana e o rublo russo e aumentou 12 vezes para o yuan chinês.”
A
fatia brasileira no comércio mundial se manteve constante nos últimos
anos, nota o FMI, mas o país cresceu como parceiro comercial regional. O
fato de o Brasil exportar commodities também favorece o uso de sua
moeda como ativo financeiro, pois mantê-la em carteira é uma forma de
importadores de produtos básicos se protegerem contra oscilações nos
preços. O Brasil pontua bem também no quesito abertura da conta de
capitais.
Por muitos anos, países
emergentes limitaram o papel internacional de suas moedas. Entre os
benefícios de ter uma moeda internacional, diz o FMI, estão a redução
dos custos de transações e redução dos custos de financiamento. Algumas
estimativas indicam que o Tesouro dos Estados Unidos paga 0,6% menos nos
seus títulos porque o dólar é uma moeda de reserva.
Os
riscos, por outro lado, são a perda de controle sobre o volume de
dinheiro em circulação e mais dificuldade para combater a inflação, já
que as atividades internacionais fogem do controle dos bancos centrais
nacionais. Também podem deixar os países mais vulneráveis à fugas de
capitais.
Alex Ribeiro
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Um comentário:
Com mais essa, o Boca de Sovaco se mata!
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