Autor Luis Nassif - A matéria abaixo, sobre José Serra, é um primor.
Desde
que perdeu as eleições, Serra foi encolhendo dia a dia, semana a
semana. Perdeu o PSDB de São Paulo, primeiro o do estado, depois o da
capital. Perdeu o PSDB nacional. Mais que isso: viu-se escorraçado de
qualquer decisão partidária. Perdeu o PSDB, o DEM, sem ganhar o PSD.
Ficou apenas com o PPS. Ou seja, com quase nada.
Conseguiu
apenas prêmios de consolação, um cargo sem mando no PSDB nacional, uma
Secretaria da Cultura e a Fundação Padre Anchieta, no estadual. Mais
nada. Rigorosamente: mais nada!
No plano nacional, está em tal petição de miséria que até seu aliado Roberto Freire ofereceu-lhe o albergue do PPS.
Mas
a matéria diz que está ótimo, porquer tuita, palestra sobre temas
nacionais e "sempre teve mais cabeça estratégica do que tática". Como
assim? Qual a estratégia? Perder todas as batalhas nunca fez de ninguém
um estrategista vitorioso. Em futebol existe a figura do "campeão
moral", a que Telê fez jus. Mas Serra, nem isso.
O
homem que, mesmo sendo candidato derrotado do partido nas últimas
eleições, não logrou juntar mais do que três (!) seguidores com votos -
Freire, Aloisio e Jutahi - é apontado como grande estrategista e
político que pensa o Brasil.
De O Estado de S. Paulo
Serra, do 'até breve' ao 'aqui estou'
Ex-governador saúda fiéis no Círio de Nazaré
GABRIEL MANZANO
Diante
da multidão, que se emocionava ao ver a imagem de Nossa Senhora
Aparecida levada pelas ruas de Belém do Pará, no Círio de Nazaré, o
ex-governador José Serra não economizou palavras. "É um grande ato de
fé, que à distância a gente não tem ideia de como é. Milhões de pessoas
na rua, que se organizam sem precisar de muita organização". Enquanto
Aécio Neves passava o fim de semana descansando em Cláudio, no interior
mineiro, Serra disparava mensagens pelo Twitter em que definia a
procissão como "a maior manifestação religiosa do Brasil e talvez do
mundo".
Estava claro, ali, o que o
ex-governador paulista queria dizer com aquele "até breve" do final de
seu discurso de 31 de outubro do ano passado, em que reconheceu a
derrota para Dilma Rousseff. Ele mostrava que, para um derrotado, a
campanha eleitoral começa na noite da derrota.
Nestes
11 meses e meio, Serra se dedicou a um minucioso exercício de
visibilidade programada. Marcou presença em seu blog e fez do Twitter
uma janela permanente. Definiu rapidamente seu foco, avisando logo ao
PSDB que não quer saber da candidatura à Prefeitura paulistana em 2012.
Ao mesmo tempo debruçou-se com vigor, na mídia e em palestras, sobre
temas nacionais - drogas, reforma política, segurança, turismo, câmbio.
Pode-se dar o desconto de que ele foi sempre uma cabeça mais estratégica
do que tática. Olha mais a floresta que a árvore.
Mas
essessão precedentes muito convenientes. Foi às lideranças nacionais do
PT que ele se dirigiu, nos últimos meses, ao criticar a reforma
política que corre na Câmara. Suas críticas à política econômica partem
de declarações feitas por Mantega ou pela presidente Dilma. Numa recente
crítica ao trem-bala, compara-o com cinco ou seis grandes projetos,
todos de caráter nacional. No seu GPS só cabe o mapa do Brasil. Ou seja,
a briga pela vaga do PSDB em 2014 está apenas começando. /COLABOROU
CARLOS MENDES
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