Brasília
– A presidenta Dilma Rousseff disse no sábado 19 que “a pobreza no
Brasil tem face negra e feminina”. Daí a necessidade de reforçar as
políticas públicas de inclusão e as ações de saúde da mulher, destacou,
ao encerrar, em Salvador, o Encontro Ibero-Americano de Alto Nível, em
comemoração ao Ano Internacional dos Afrodescendentes.
Em
discurso, ela explicou por que as políticas de transferência de renda
têm foco nas mulheres, e não nos homens: elas “são incapazes de receber
os rendimentos e gastar no bar da esquina”. Dilma destacou que, nos
últimos anos, inverteu-se uma situação que perdurava no país, quando
negros, índios e pobres corriam atrás do Estado em busca de assistência.
Agora, o Estado é que vai em busca dessas populações, declarou.
Ao
defender a necessidade de ações de combate à pobreza, a presidenta citou
o Programa Brasil sem Miséria, cujo objetivo é retirar 16 milhões de
pessoas da pobreza extrema. No discurso, ela destacou ainda a criação da
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em
2003, e a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, no ano passado,
além da obrigatoriedade do ensino da história afrobrasileira nas
escolas.
Dilma
apontou também o fato de a data do evento coincidir com a da morte do
líder negro Zumbi dos Palmares, com o Dia Nacional da Consciência Negra,
a ser comemorado amanhã (20), e com os 123 anos do fim institucional da
escravidão no país.
Nestes
123 anos, disse a presidenta, “sofremos as consequências dramáticas da
escravidão” e foi preciso combater uma delas, a sistemática
desvalorização do trabalho escravo, que resultou na desvalorização de
qualquer tipo de trabalho no país. A característica mais marcante da
herança da escravidão foi a invisibilidade dos mais pobres, enfrentada
nos últimos anos a partir da certeza de que o crescimento do país só
seria possível com distribuição de renda e inclusão social, acrescentou
Dilma.
Para
a presidenta, existe, no entanto, uma “boa herança” da escravidão, que é
o fato de milhões e milhões de negros terem construído ao longo dos
anos a nacionalidade brasileira, junto com as populações indígenas,
europeias e asiáticas. Segundo Dilma, essa “biodiversidade” cultural é
uma das maiores riquezas do país, uma grande contribuição para o mundo,
especialmente quando ressurgem em várias países preconceitos contra
imigrantes.
Ela
ressaltou que, embora o Brasil tenha a segunda maior população negra do
mundo, atrás apenas da Nigéria, a discriminação persiste: os
afrodescendentes são os que mais sofrem com a pobreza e o desemprego.
No
discurso, além de lembrar o papel central do Continente Africano na
política externa brasileira, Dilma enfatizou o fato de a América do Sul
ser um dos continentes que mais crescem, apesar da crise financeira que
começou em 2008. De acordo com a presidenta, a adoção de políticas
desenvolvimento do mercado interno pelos países sul-americanos tem sido
uma barreira contra os efeitos da crise.
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