O jornal
Brasil Econômico
publicou terça-feira uma matéria que ajuda a entender com clareza
porque o governo autorizou o aumento de R$ 0,109 no preço da gasolina,
compensando-o, ao mesmo tempo, com uma redução idêntica na Contribuição
de Intervenção no Domínio Econômico, de forma a não provocar efeitos
sobre o preço final de venda nas bombas de combustível.
Porque muita gente não entendeu e achou que isso seria “trocar seis por meia-dúzia”. E não é.
A repórter Eva Rodrigues explica, ouvindo economistas, que um aumento
de 10% no preço da gasolina (é isso que aqueles quase onze centavos
representam sobre o preço de R$ 1,09 pelo qual era vendida a gasolina
nas refinarias da Petrobras), se replicado em toda a cadeia de
comercialização, representaria uma elevação de 0,3 a 0,4% no IPCA, que é
o índice oficial da inflação.
A matéria informa que a redução da Cide acarretará uma perda de
arrecadação da ordem de R$ 2 bilhões, neste final de 2011 e em 2012.
Agora, vem o que a matéria não conta.
O repique inflacionário causado por um aumento da gasolina, em tese,
impediria uma nova redução de 0,5% na taxa pública de juros que, como se
sabe, é função, também, do nível de inflação acumulado.
E cada ponto percentual na taxa Selic significa, em um ano, que o
Governo terá de pagar R$ 17 bilhões de juros por seus títulos, seja nos
indexados a ela, seja nos indexados à inflação.
Meio ponto percentual, portanto, além de seu impacto sobre a
atividade econômica, representaria um dispêndio superior a R$ 9 bilhões,
no restinho de 2011 e no ano de 2012.
Quatro vezes e meia o que deixará de arrecadar com a redução da Cide.
E como o dinheiro que não se recolherá com a alíquota menor de Cide
vai para a Petrobras, reativa seus investimentos, anima a economia e
ainda gera lucros e dividendos que cabem, na maioria, à própria União,
seu acionista majoritário, é fácil perceber as vantagens da decisão do
Governo. Em números, uma economia de algo na casa de R$ 7 bilhões até o
fim de 2012.
Alguém pode perguntar porque, se o objetivo era esse, não deixar como
estavam os preços da petrobras e simplesmente reduzir a Cide, baixando o
preço nas bombas e produzindo o efeito inverso: o de baixar a inflação
e, como isso, os juros.
Dois simples motivos.
O primeiro deles, qualquer um sabe: subir preços é mais fácil do que
baixá-los com reduções de tributos. Ou alguém viu algum preço baixar com
o fim da CPMF?
O segundo é que receita, na Petrobras, é predominantemente
investimento e não distribuição de lucros. E investimentos, dentro de um
plano de negócios que mobiliza nada menos de US$ 224 bilhões em quatro
anos, é produção, emprego, renda, multiplicação de cadeias de
suprimentos.
Numa palavra: desenvolvimento para o Brasil.
Do Blog
TIJOLAÇO.COM
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