No festival da sustentabilidade, o lixo se acumula |
Num
festival que teve lances patéticos, como o cantor Neil Young cantando
"Happy Birthday to you" para o Planeta Terra, o que realmente está em
jogo é a colonização mental da juventude brasileira; leia o artigo de
Claudio Julio Tognolli
Um
fantasma ronda o mundo: a farsa de que o superaquecimento global só
ocorre por fatores endógenos, ou a emissão de poluentes na terra. No
Brasil só há dois intelectuais que apontam a ideologia por detrás disso:
Gildo Magalhães dos Santos Neto, da História, e Aziz Ab Saber, da
Geografia, ambos da USP. Fatores extra-terra conduzem ao
superaquecimento: como as fases de hiper-expansão do sol, a cada seis
mil anos, como a que ora vivemos. Os vikings, antes de descerem Mar do
Norte abaixo, paravam, para construir seus barcos, num local chamado
Terra Verde, por acaso Groenlândia, que vem de “Green Land”. A natureza
na Terra Verde era laboriosa em construir madeiras de primeira cepa. Mas
ela se congelou. Uai: por que se congelou? A quem interessa dizer que a
Terra pode acabar por superaquecimento gerado por fatores apenas
“internos”? Interessa a uma elite neoliberal. Há 80 anos começaram a
tramar a ideia de que oferecer um literal e figurativo fim do mundo pelo
superaquecimento era a forma de congelar os futuros países
desenvolvidos. Queriam, e ainda querem, que Brasil, Índia e China sejam
eternos exportadores de matéria prima. Trata-se da mais nova-velha
ideologia: fazer o povão engolir goela abaixo que o desenvolvimento já
atingiu os seus limites. Querem ver na Amazonia um território
“internacional”. Eis todo o babalaô do ex-vice dos EUA, Al Gore, com
aquela cascata (comprada por ele de uma assessoria de imprensa),
lastreado em seu “Uma verdade inconveniente”.
O
festival SWU ("Starts with you" ou "Começa com você"), que movimentou
milhões com inserções pagas, mas disfarçadas na mídia, é um subproduto
desse tipo de golpe. Não é para menos que Neil Young abriu o cascatol
cantando “parabéns” para a Terra. Querem tornar o rock algo passivo, com
babacas defendendo a todo o custo a preservação da terra, e o
conseqüente congelamento do desenvolvimento do parque industrial
brazuca. Querem-nos eternos exportadores de grãos. Querem-nos enxergando
que o superaquecimento global só se dá por fatores da terra e do homem.
Isolam a Terra do resto do universo. Veja você: até James Lovelock,
criador da famosa Hipótese Gaia (segundo a qual o ser humano é um dos
“órgãos” do corpo que é a Mãe Terra), agora defende a energia nuclear. E
expõe ao osso os babacas do Partido Verde (que usam em suas propagandas
políticas os moinhos de vento eólicos). Saiba você: um moinho de vento
eólico consome dez mil toneladas de concreto para ser construído. Em
toda a sua existência, o moinho de vento eólico jamais produzirá energia
limpa que compense a poluição gerada para poder produzir as milhares de
toneladas de concreto que o erigiram...
Toda
essa babaquice da preservação da terra a todo o custo foi lentamente
engendrada por um bando de intelectuais “New Age”. O trabalho não é
novo, mas com subprodutos novíssimos. A pré-coerência ideológica que se
consome no SWU tem epígonos famosos e antigos. Datam da Escola de
Copenhaque: composta de físicos que defendiam que a base do universo é o
“caos”. E já que o caos é imutável, referem, não nos resta modificar
nada: apenas surfar o caos. Físicos como Wolfgang Pauli, Niels Bohr, o
filósofo Bertand Russell, deram as mãos com o misticismo de Jung:
vindicavam que deveríamos adotar o Taoísmo como preceito fundamental.
Justamente o Taoísmo que, ao contrário do confucionismo (uma teoria da
ação) prevê o que os chineses chamam de “wu wei”, ou não ação. Defendiam
a meditação. Postulavam que a natureza resolve as coisas “sozinha”
–justamente o que os neoliberais pregam, a existência da “mão invisível”
do mercado, tão defendida por Adam Smith. Todos esses calcetas, da
preservação da Terra, supõem-se místicos do caos. Grandes intelectuais
do Primeiro Mundo há anos estão envolvidos na ideologia que tenta
engessar, com esse tipo de droga, o desenvolvimento do parque industrial
de nações emergentes, como o Brasil. Apesar de serem roqueiros, amam no
fundo que o Brasil idololatre o “agrobrega” e o “sertanojo”, porque é
ao “campo” que o Brasil pertence. Trata-se de um cadinho cultural de
místicos que amam Paulo Coelho, e vêem na Terra uma entidade capaz de
gerar babalô místico-mágico. É necessário aqui fazer uma pausa sobre o
guru dessa moçada, Wolfgang Pauli, de resto o pensador predileto de
Fritjof Capra, autor do incensado “O Tao da Física”.
Veja
a barbaridade que chegou a resgatar. Para os neoplatônicos, a causa de
todas as mudanças era a anima mundi , a alma do mundo. As ciências
experimentais do renacimento e a ideia da causalidade substituíram a
anima mundi. A divisão entre alma e matéria é posta em caixa alta por
Descartes, que passa a distinguir nitidamente a “substância pensante”
(res cogitans) e substância caracterizada pela sua extensão no espaço,
ou matéria (res extensa). Wolfgang Pauli passa a tentar destruir o
cartesianismo. Diz que a teoria dos quanta substituiu isso, referindo
que cada sistema individual é substancialmente livre e não sujeito a
leis. É o que ele chama de “irracionalidade do real”. Pauli volta ao
medieval pré-cartesiano. Refere que é necessário voltarmos ao irracional
para que se fuja dos a priori. Nesse sentido, disse: “Temos de tentar
despir a túnica de Nesso que a revolução do século XVII teceu. É tempo
de reconhecer o elemento irracional da realidade – e o lado obscuro de
Deus” . Karl Jung, de resto co-autor de Pauli, torrou sua existência em
tentar fazer crer a todos que a psicanálise e o oculto poderiam ser duas
faces da mesma moeda, cujos destinos seriam loucamente prefixados por
um universo essencialmente caótico e não-linear. As tentativas de Pauli,
junto a Jung, de tentar nivelar, lado a lado, a pulsões do Id com certo
“livre-arbítrio” dos elétrons, consistiram numa potente tentativa de
retorno ao mundo pré-cartesiano da anima mundi. E Einstein, ao ver tudo
isso, escreveu: “Não posso suportar a ideia de que um elétron exposto a
um raio de luz possa, por sua própria e livre iniciativa, escolher o
momento e direção segundo a qual deve saltar. Se isso fosse verdade,
preferia ser sapateiro ou até empregado de uma casa de jogos em vez de
ser físico”.
Em 1968 o industrial
italiano Aurelio Peccei fundou o Clube de Roma, quando se falou a
primeira vez em desenvolvimento sustentável. (veja aqui)
Por que você acha que o Príncipe Charles, e outros milionários de
países de primeiro mundo, são patrocinadores e padroeiros do WWF? Porque
a nova ideologia faz uso de ongueiros preservadores da natureza para
drogar jovens com a febre anti-desenvolvimentista. Neil Young, que há
duas semanas saiu nas Páginas Amarelas de Veja, veio aqui no SWU com um
único papel: ele é agente do capetalismo (sic) internacional, contra o desenvolvimento do parque industrial brasileiro.
Assista, abaixo, ao patético vídeo em que Neil Young canta "Happy Birthday to you" para a Terra.
No Brasil 247
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