Deputado do PSDB de Goiás quer possibilidade de "recuperar" homossexuais
Se existem
inconstitucionalidades explícitas na proposta de lei que pretende mudar
uma resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), para permitir que
psicólogos possam atuar na chamada "cura gay", caberá ao Congresso
Nacional decidir. Mas o objetivo da bancada evangélica de pautar
novamente um antigo debate na Câmara dos Deputados já foi atingido.
A proposta, de autoria do
presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado João Campos
(PSDB-GO), deverá pautar as discussões da Comissão de Seguridade Social e
Família ainda no primeiro semestre, em uma, duas ou até mais
audiências.
Trata-se de um projeto de
decreto legislativo que tem por objetivo abolir dois dispositivos
aprovados em 1999 pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Um das
normas contestadas pelo Legislativo veta a participação dos psicólogos
em atividades públicas que reforcem preconceitos sociais.
RELATOR FAVORÁVEL
Além disso, o projeto
apresentado pelos evangélicos tem o objetivo de suprimir o parágrafo
único da resolução do conselho que diz: "Os psicólogos não colaborarão
com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das
homossexualidades".
No fim do ano passado, foi
apresentado requerimento de audiência pública pelo relator do projeto,
deputado Roberto de Lucena (PVSP), que havia elaborado parecer em favor
da aprovação da proposta.
Geralmente, as audiências
públicas servem para instruir o relator em seus pareceres e são feitas
antes de o relatório ser apresentado. Nesse caso, houve uma inversão do
trâmite. Lucena se justificou dizendo-se surpreendido pela polêmica
sobre o assunto, daí a decisão de pedir as audiências, mesmo depois de
já ter elaborado seu parecer.
"Fiquei muito honrado pela
oportunidade e confiança de relatar essa proposta e meu voto foi pela
aprovação. Só que me dei conta da complexidade da matéria",
justificou-se Roberto de Lucena.
Relator defende a proposta
O relator do projeto, deputado
Roberto de Lucena (PVSP), contou que recebeu "vários emails e
telefonemas em meu gabinete, de pessoas que são a favor e também de
entidades representativas da sociedade que defendem a causa gay. Por
isso, decidi pedir a audiência para ouvir todo mundo", disse. "Vou para a
audiência como uma folha de papel em branco."
Embora os dispositivos do
Conselho Federal de Psicologia contestados pelo projeto falem
explicitamente de cura da homossexualidade, o relator defendeu-se
dizendo que a proposta não abrirá espaço para considerar a
homossexualidade uma doença.
Em 2005, o então deputado
federal Neucimar Fraga (PLES), também integrante da bancada evangelica,
tentou convencer os 52 parlamentares da Comissão de Seguridade Social e
Família a aprovarem sua proposta que garantia o "tratamento" pelo
Sistema Único de Saúde (SUS).
Na época, Neucimar chegou a
coletar histórias de homens que diziam-se curados da homossexualidade
depois que tiveram ajuda de profissionais ou de religiosos. Ele ainda
ressaltou que a proposta tinha o objetivo de garantir tratamento
gratuito para quem "voluntariamente".
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