Do
Blog do Miro - 16/3/2012
Por Altamiro BorgesA
Grécia divulgou ontem (15) sua taxa de desemprego. O dado é alarmante e
explica a crescente revolta dos trabalhadores, num país que caminha
para a convulsão social. Segundo a informação oficial, ela subiu para
20,7% no quarto trimestre de 2011, bem acima dos 17,7% do terceiro
trimestre. Na comparação com o quarto trimestre de 2010, o crescimento
impressiona – ela foi de 14,2%.
Em termos
absolutos, o número de desempregados chegou a 1.025.877. Atualmente,
apenas 3.932.790 de trabalhadores gregos estão empregados formalmente.
Para piorar, o governo dos banqueiros – o primeiro-ministro Lucas
Papademos foi imposto, não eleito, e era serviçal do Goldman Sachs –
anunciou um novo “plano de austeridade” que elevará ainda mais a taxa
de desemprego.
A "geração perdida" dos jovensEle
prevê a demissão de 150 mil servidores públicos, a redução de 22% no
salário mínimo – o que diminuirá o consumo e, como consequência,
afetará a produção e a geração de vagas – e novas cortes nos
investimentos públicos. Tudo para saciar o apetite dos banqueiros
europeus, que não estão nada preocupadas com a quebradeira do país e com
o drama dos desempregados.
A situação não é dramática apenas na
Grécia. Toda a Europa está sendo dizimada pela lógica destrutiva do
capital. Em janeiro, o desemprego na zona do euro cresceu pelo sétimo
mês consecutivo e bateu novo recorde, atingindo 10,7% dos
trabalhadores. A Espanha ainda ostenta o maior índice (23,3%). Os
jovens são as principais vítimas e já são tratados como “geração
perdida”.
O papel imperialista da AlemanhaDesde a
queda do Lehman Brothers, em setembro de 2008, que deflagrou a mais
recente crise capitalista mundial, o desemprego na Europa já subiu
46,8%. Um mês antes da falência do banco estadunidense, apenas um país
entre os 27 da União Europeia tinha taxa de desemprego acima de 10%. Era
a Espanha (11,3%). Hoje, 12 estão nessa situação gravíssima.
O
total de desempregados na União Europeia saltou de 16,6 milhões em
agosto de 2008 para 24,3 milhões em janeiro deste ano. Só a Alemanha,
que atua como potência imperialista sugando a riqueza das nações mais
frágeis, conseguiu reduzir o desemprego neste período sombrio. A sua
taxa, que era de 7,2% em agosto de 2008, hoje está em 5,8%.
Corte de direitos dos trabalhadoresIsto
não significa que a situação do trabalhador alemão seja uma maravilha.
Diante da crise, o governo direitista de Angela Merkel impôs uma
reforma trabalhista que permite ao patrão reduzir a jornada de trabalho
e cortar os salários. Não é para menos que os sindicatos menos dóceis
da Alemanha têm intensificado as lutas contra as perdas de poder
aquisitivo dos trabalhadores.
O processo de regressão trabalhista
também não é uma novidade somente da Alemanha. Todos os países da
Europa têm cortado direitos históricos dos trabalhadores. Na semana
passada, o parlamento espanhol ratificou um decreto do governo
direitista de Mariano Rajoy que diminui os custos das demissões,
reduzindo a indenização.
"A espantosa boca-livre" dos banqueiros Diante
desta agressão, o movimento sindical espanhol promete realizar em 29
de março uma gigantesca greve nacional. Segundo Ignacio Toxo,
secretário-geral das Comissões Operárias, o decreto aprovado lembra as
condições de trabalho que existiam nos anos da ditadura do general
Francisco Franco (1939-1975) e agravará ainda mais o desemprego no país.
Mas
nem tudo é desgraça na Europa. Para os banqueiros, a situação é
bastante favorável. O choque de terror neoliberal mantém seus altos
rendimentos. No mês passado, o Banco Central Europeu doou para 800
bancos cerca de R$ 1,2 trilhão – 529,5 bilhões de euros. Até Clóvis
Rossi, articulista da Folha, ficou abismado com a “espantosa boca-livre
da banca”.
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