O pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad
aumentou o tom das críticas ao pré-candidato do PSDB, José Serra, e ao
prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab (PSD), hoje (12) em visita
à região de Perus, na zona oeste da cidade. Haddad classificou Serra
como "o mais cruel ministro do Planejamento" com as universidades
públicas federais e, sem citar diretamente Kassab, afirmou que este
promove "um concurso de vices" ao querer exonerar cinco secretários para
colocá-los à disposição do tucano.
Instado a comentar a versão segundo a qual o PCdoB se afastaria do PT e
poderia eventualmente compor com Serra, Haddad afirmou: "Eu não tenho
falado com o PCdoB ultimamente. Falei com o Orlando (Silva, ex-ministro)
tem uns 15 ou 20 dias. Conhecendo a história do PCdoB e lembrando que
talvez o Serra como ministro do Planejamento tenha sido o mais cruel do
ponto de vista orçamentário com as universidades públicas federais e,
conhecendo a história da luta do PCdoB em defesa das universidades
públicas federais, cuja expansão nós patrocinamos, eu duvido que essa
informação proceda", respondeu.
Indagado sobre os motivos de Serra ser o mais cruel ministro do
Planejamento, Haddad afirmou que o governo do PSDB "privatizou o ensino
superior do País". "Foi o maior corte orçamentário. Começou em 1995 o
período de arrocho do orçamento ao longo de todo o período plurianual
que foi elaborado por ele. O PCdoB sabe disso melhor do que eu porque
sentiu na pele. O presidente da UNE à época sentiu na pele o que é ser
tratado por um governo que privatizou o ensino superior do País".
O ex-ministro da Educação também disparou contra a administração
municipal que, segundo ele, tenta "maquiar" os baixos índices de
aprovação com um pacote de obras para a cidade. "Há um desconforto na
cidade com os últimos oito anos, mesmo que nos últimos meses se queira
maquiar o que está acontecendo. Acho que o prazo é curto para se
reverter a percepção que foi-se tendo em oito anos de que o tempo foi em
algumas áreas perdido", afirmou.
Sem citar o atual prefeito, criticou o possível afastamento de parte do
secretariado municipal. "Essa hipótese do afastamento de cinco
secretários municipais é como se houvesse um concurso de vices, em vez
de cuidar da cidade até 31 de dezembro. Você exonerar cinco secretários
para fazer uma seleção é um descaso com a cidade", avaliou.
Com baixos índices de intenção de voto apontados pelas pesquisas Haddad
jogou para o início do horário eleitoral na televisão e no rádio a
alavancagem de sua popularidade. "Entendo que, em uma cidade como São
Paulo, o único veículo que te dá condições de ser conhecido é a
televisão. Nós infelizmente perdemos esse tempo de TV no primeiro
semestre e vamos ter de conviver com essa realidade de que não será
nessas visitas (semanais nos bairros) que vai aumentar a exposição das
nossas ideias e dos nossos pleitos. Numa sociedade de massas, vamos ter
de usar um veículo de massa. Vai ficar para a campanha", considerou.
Lula
Haddad afirmou acreditar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
retome na próxima semana as articulações políticas envolvendo a eleição
municipal de São Paulo. Em visita à região de Perus, Haddad disse que
conversou duas vezes com Lula por telefone hoje e afirmou que o
ex-presidente pareceu animado.
"Ele tem que voltar ao hospital para concluir o ciclo de antibióticos
até sexta-feira (16). Então, acho que a partir da semana que vem, de
forma moderada, ele voltará a se reunir com os companheiros do PT",
afirmou.
Questionado se Lula ligaria para Eduardo Campos, presidente nacional do
PSB e governador do Pernambuco, para negociar uma possível aliança em
São Paulo, Haddad respondeu: "Não posso te antecipar com quem ele vai
falar, mas o presidente é bastante conversador". Haddad sustentou ainda
que a voz de Lula está "bem melhor" e que sentiu no ex-presidente
"condições de viver e participar da vida política do País".
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